sexta-feira, 30 de março de 2012

Olvido y Perdón



Em 1992 a queda de Collor fez com que pela primeira vez o Brasil tivesse um presidente que construiu sua carreira em oposição ao regime militar. Mas em seus dois anos de governo Itamar Franco nada fez para buscar justiça quanto aos ocorridos naquele período. Mais dois anos e foi a vez de FHC chegar lá. Brilhante intelectual aposentado compulsoriamente pelo regime, FHC foi catapultado para a carreira política em função de seus textos muitíssimo lúcidos em que analisava de forma crítica o que o Brasil vivia naqueles anos. Mas tampouco quis mexer com o assunto.
Mais oito anos e foi a vez de Lula. Nome essencial de um partido que construiu sua trajetória a partir da contestação ao regime e grande líder sindical do período final da ditadura. Mas também não fez nada. Agora é a vez de Dilma, torturada pelos carrascos. Mas transige com eles. Cria uma comissão da verdade que é melhor que nada mas que cada vez mais vai sendo esvaziada.
O Brasil realmente não é para principiantes. Somos governados há mais de 20 anos por grupos que se opuseram ao regime, e em vários casos pagaram caro por isso. Na esfera pública há uma unanimidade de que o regime foi uma catástrofe (ainda que no silêncio dos esgotos há quem sinta saudades daquele tempo). Mas não acontece nada.
Ou melhor: acontece. A farra das indenizações, que em muitos casos nem se justifica. O próprio Lula é um exemplo: não me parece razoável que 30 dias de prisão que em nada mudaram sua vida justifique uma pensão eterna do Estado. Uma indenização seria muito mais justa.
Mas esse é o Brasil. Um país em que tudo se acoxambra. A ausência de justiça para os monstros e a indenização como paliativo (um verdadeiro "cala-boca" que não substitui em nada a justiça real) são a cara de um país em que tudo se resolve na base do compromisso. É assim mesmo que somos. Não queremos confusão. Preferimos a injustiça silenciosa que a luta por justiça.
Nunca dou a Argentina como modelo de nada. É um país cheio de problemas, e com uma cultura política totalmente complicada, personalista e turbulenta. Mas com todos os seus problemas, os hermanos estão dando uma aula nesse assunto a todos os seus vizinhos. O kirchnerismo (tão ridicularizado pela direita e esquerda brazucas) está lutando bravamente para estabelecer a justiça histórica. Nos últimos 10 anos muitos verdugos encararam julgamentos e foram condenados a penas duríssimas.
Lá o lema é "ni olvido ni perdón" (nem esquecimento nem perdão). Aqui é o contrário. No Brasil impera um pacto implícito que diz mais ou menos o seguinte: "os prejudicados serão compensados financeiramente, os monstros ficam em paz, todo mundo critica o regime mas ninguém faz nada contra seus protagonistas". Isso é a cara do Brasil. Uma cara horrorosa.

2 comentários:

  1. porra Tiago, vai tomar no cú, cara! Não to falando isso só porque estou bêbado, isso não é uma desculpa,mas não gosto que fale que somos assim, nós podemos estar assim desde quando somos Brasil, subistitua o "é" por "estar" que o texto vai ficar um pouco mais experançoso, se é que esperança é com x, o que não tem nada haver com o texto, tanto quanto sua desilusão, aprendi com você a ver a realidade, mas sou brasileiro pelo território em que nasci e não estou pra deixar isso rolar. Se quiser saber como, se quiser ajudar, vai ser muito bom e de muitíssima utilidade, é só me procurar, meu e-mail é enzo_pena@yahoo.com.br , valeu! Não sou parado nem a paz qune reina é a minha.
    Bora pra luta!

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  2. Aliás, com seus textos, você já está ajudando, mas pode ajudar mais!
    Valeu!

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