segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Lula, o SUS e os "politizados"


Sábado escrevi um post sobre a história dos que querem que o Lula vá tratar de seu câncer no SUS. Me ocupei mais dos raivosos histéricos que puxaram essa gritaria. Mas lentamente um outro grupo começou a ficar mais visível nesse coro: os "politizados". Sim, entre haspas. São aqueles que acham que ser politizado é dizer que "não existe mais ideologia", "político é tudo ladrão". Você conhece o tipo: é aquele que coloca uma figura como a de cima em seu facebook (mas não vai na manifestação, claro). Aquele que não está nem aí para a política mas quer parecer politizado (tão inconsciente que acha bonito que alguém com dinheiro tome o lugar e os recursos de alguém que precisa do SUS de verdade).
Eu acho esse tipo de gente uma verdadeira praga. São pessoas que, ao contrário dos alienados "puros", tem um discurso aparentemente coerente que é capaz de convencer outros. Afinal, nas atualizações de status do facebook e do twitter, esse tipo de idéia realmente parece contestadora. Duas frases chiando sobre a corrupção e a maldade dos políticos engana os trouxas com facilidade. E como o espaço é pequeno, nem sempre se percebe quão raso (e até danoso) é o raciocínio.
Sempre desconfio desse raciocínio. Ele tem um pecado monstruoso: quem elege essas pessoas somos nós. O caso do Lula mesmo é típico. Reclamam que ele é aliado de gente que antes ele xingava. Tá. Mas me diga aí uma coisa: quando o Lula não fazia aliança com os sarneys da vida, esse pessoal aí votava nele? Votava coisa nenhuma! Eles votavam no Collor e no FHC, que TAMBÉM eram aliados desse pessoal. Esses "indignados" SEMPRE votam em quem está com o PMDB!
Você, mais jovem, pode não saber. Mas em 1989 não foi só gente com discurso conservador que votou no Collor. Teve um pessoal com esse mesmo discurso "indignado", que votou no Collor porque ele "caçava marajás". Achavam que ele, carregado nos ombros por PMDB, PFL, PTB, Maluf, etc., ia acabar com a corrupção no Brasil (era muito melhor que o "comunista" Lula). Aí depois se sentiram "traídos". Percebe como são estúpidos?
Pois é, foi essa a gente que mostrou a Lula e ao PT que tinham de tapar o nariz e se aliar com essa corja toda, se não jamais se elegeria. Aí de novo votaram no candidato aliado com esse pessoal. Ou seja: quem elege sempre gente com apoio do Sarney são eles.. Aí depois bancam os indignados? Ora, tenha a paciência.
Só existe um jeito de ser politizado: é prestar atenção na trajetória de todos os envolvidos e entender o que de fato está em jogo, para além dos discursos ensaiados, da perfumaria marqueteira e do notíciário sempre suspeito. Votar em quem vai fazer o que você gostaria que alguém fizesse. Isso é ser politizado. Votar em qualquer um, sem saber nada de nada, e depois se dizer traído, isso é ser estúpido mesmo. Como o cara que casa com a vagabunda do bairro depois berra pela rua que é corno.

domingo, 30 de outubro de 2011

Abaixo a democracia e o livre pensamento na universidade!


O título do post poderia ser o de um artigo publicado recentemente pela Folha de São Paulo (link ao fim). Basicamente o texto dizia ser um absurdo que a Revista do Instituto de Estudos Avançados da USP usar dinheiro público para elogiar a ditadura cubana. Não li a revista, e não posso opinar sobre esse caso em especial. Mas se pode perfeitamente ver algo muito simples: essas pessoas não querem que a universidade possa se expressar livremente.
Para começar, esses veículos da grande mídia sempre receberam dinheiro público na forma de publicidade estatal, e usaram esse dinheiro para enriquecer elogiando a ditadura brasileira (a começar pela própria Folha). Mas tudo bem, vamos fingir que a gente não lembra disso.
No Brasil (e na maior parte do mundo) não existe pesquisa acadêmica sem dinheiro público. Fiz graduação, mestrado e doutorado em uma estadual paulista. Tive bolsa de iniciação científica e mestrado do governo federal, e de doutorado do governo paulista. Construí minha dissertação, tese, livro e artigos baseado em pesquisa em arquivos e bibliotecas públicas. Leciono numa universidade federal, e meus orientandos têm bolsas do governo. É assim que funciona.
O que significa basicamente o seguinte: tudo o que é dito no mundo acadêmico brasileiro, é feito com dinheiro público. Os acadêmicos de direita são financiados pelos cofres do Estado, assim como os de esquerda, de centro e o que mais você quiser. Há dinheiro público financiando discursos com as tendências que você quiser. E não há como ser diferente.
Em suma, há dinheiro público bancando pesquisas que concluem que a melhor coisa é o Estado não se meter (ou seja, liberais); outros dizem que políticas de bem-estar social aperfeiçoam o capitalismo (ou seja, social-democratas); e outras que defendem o socialismo, ou o que quer que seja. Não é uma beleza? O dinheiro público permite essa pluralidade. Que por sinal não existe no mundo da mídia. Eles querem que a universidade repita o pensamento único deles. Ou seja, é absurdo que o Estado sustente uma revista que defende o socialismo, mas outra que defenda o que eles pensam está tudo bem. Liberdade de expressão nos olhos dos outros é refresco, né?
Os jornalistas em questão escreveram um texto que parece baseado em princípios democráticos, mas basicamente é um discurso ditatorial. Quer proibir que pessoas produzam discursos de esquerda. Quer que a pesquisa acadêmica seja orientada pelos princípios políticos que eles defendem. Uma revista defendendo o liberalismo pode. Uma revista defendendo o regime cubano não pode. Se isso não é autoritarismo e censura política, me digam por favor o que é.

sábado, 29 de outubro de 2011

O ódio a Lula e o que isso diz de nós mesmos


Na lista das coisas absolutamente inacreditáveis que vi na minha vida incluí hoje as reações de muitos ao anúncio da doença de Lula. Aqueles que o têm como Deus acham que isso é um sinal do fim do mundo, o que não é propriamente surpreendente. Outros começaram a falar sobre o impacto disso nas eleições de 2014, o que me pareceu de um tremendo mau gosto. Mas o mais inacreditável é outro tipo de coisa.
Nas redes sociais, blogs e seções de comentários dos sites de notícias abudam comentários tipo "bem feito, quem manda semear tanto ódio!", "castigo divino aos pecadores" e o mais inacreditável de todos: "vá se tratar no SUS para ver como é!".
Quando li dezenas de vezes o último comentário me pus a pensar: Lula e SUS, qual a relação? Como presidente, Lula não teve nenhuma intervenção particularmente memorável no campo da saúde, pelo que eu me lembre. Não é culpado pela saúde pública ser ruim, e tampouco fez grande coisa para melhorá-la.
Só consegui pensar que o raciocínio implícito seja "já que gosta tanto de pobre, que vá viver como um deles". O que é realmente assustador. No governo Lula os bancos bateram recordes de lucros, a indústria esteve muito bem, e o setor agroexportador está melhor do que na República Velha. Lula nunca tirou nada de ninguém. Apenas deixou umas migalhas caírem no andar debaixo, o suficiente para que essas pessoas, abandonadas há séculos, o idolatrem como seu santo protetor. Nem isso esses reacionários estão dispostos a tolerar? Pobre tem de morrer de fome mesmo?
Lula e FHC foram presidentes que não se pode odiar. Cada um à sua maneira, fizeram o Brasil avançar muito, ainda que numa direção que não é a dos meus sonhos. Mais que isso: são democratas, que se elegeram com plataformas bem definidas, e cumpriram fielmente seus projetos até o fim do mandato. Não se pode odiar um ou outro. Se pode concordar ou discordar de suas visões. Eu discordo completamente de FHC e não compro a maior parte do projeto lulista. Mas odiá-los?
Só posso entender isso como uma incapacidade brutal de compreensão do que é democracia. Odiar alguém a ponto de querer que essa pessoa morra, só porque defende idéias diferentes da sua, se elegeu por causa dessas idéias, e as colocou em prática exatamente como havia proposto, é algo que não me entra na cabeça.
E odiar alguém porque essa pessoa permitiu que os pobres sejam um pouco menos pobres então, aí é problema mental mesmo. Sociopatia. Não é caso de política nem de polícia, mas de saúde pública mesmo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Movimento estudantil é o cacete!


Vi ontem a tal manifestação de um grupo de estudantes da USP contra a presença da polícia no campus. Bradavam livros de Michel Foucault e superficialidades sobre "vigilância" e no fim das contas reclamavam contra o fato de policiais terem detido estudantes que cometeram um ato ilegal. Tolice pura. Mas o que realmente me ficou na cabeça é: o que acontece com a militância estudantil? Qual o problema deles?
Sim, pois há quase 20 anos eu faço parte do "planeta história", seja como estudante, seja como professor, seja como coordenador de curso. E há 20 anos vejo o movimento estudantil ser esse lixo, essa porcaria. Um bando de caras que vão para a universidade sem ter qualquer pretensão de estudar, querendo apenas um trampolim. Oportunistas que depois viram políticos da pior espécie.
Por favor, entendam: isso não é uma crítica aos estudantes de história. Mas aos que dizem representá-los. Há 20 anos vejo DA's e DCE's ridículos dizerem ser as lideranças dos estudantes, mas sem serem levados minimamente a sério por ninguém. Repetem palavrório vazio retirado de manuais marxistas, sem nunca terem lido uma linha de Marx. Não sabem nada, não fazem nada, não querem saber nada, nem fazer nada. Nem ligam por não serem levados a sério.
Já fui estudante, e sei exatamente como é. Você se acostuma com a idéia de que política estudantil não é lugar para gente séria. Quando fui para a universidade eu era um militante político. Deixei de ser um por lá. Como tantos outros estudantes de história jovens e cheios de energia e talento, eu me deixei entorpecer por um ambiente dominado por essas figuras lamentáveis que ninguém leva a sério, até que virem políticos lamentáveis do PC do B.
Há décadas que essas figuras fazem isso. Só fazem merda, e servem como argumentos perfeitos para que as Vejas da vida desçam o cacete na esquerda. Brincam de ser esquerdistas, de ser líderes dos estudantes, de ser politizados. Só que esse brincadeira não tem qualquer graça. Nunca teve e nunca vai ter.
PS: peço perdão aos pouquíssimos membros do movimento estudantil que não se encaixam na descrição acima. mas sei que vão me compreender. se são sérios, sabem que infelizmente o quadro que pintei retrata a maioria deles. ainda que não todos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Chorinho: obra de gênios brasileiros


Com prazer escrevo o primeiro post desta nova fase do blog que não tem a ver com política, mas sim sobre diversão. Queria falar sobre o chorinho, um dos gêneros mais legais da história da humanidade, e pouquíssimo valorizado em seu próprio país.
É inadmissível que alguém não goste, ou talvez pior, sequer conheça essa jóia. Um ritmo delicioso, buliçoso, executado por gênios absolutos como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Abel Ferreira e tantos outros...
O chorinho tem uma peculiaridade: não foi criado pelos mais pobres nem foi perseguido pela polícia. Na verdade vários de seus criadores eram policiais, por sinal. O chorinho nasceu pelas mãos de pessoas sem posses mas sem necessidade, naqueles ambientes suburbanos que mais tarde seriam retratados por Nelson Rodrigues. Muitos eram policiais e bombeiros, que davam vazão a seu talento musical tocando nas bandas de suas corporações. E no fim de semana se reuniam em algum quintal suburbano para fazer o diabo com seus instrumentos.
E claro que esse gênero teve a gigantesca felicidade de logo ter um Pixinguinha. O maior músico que já pisou neste pobre país, e provavelmente um dos maiores da história da humanidade. Infelizmente a cachaçada o impediu de tocar flauta até o fim da vida, mas escutem essa diabólica gravação de sua "A Vida é um Buraco". É um negócio que voce simplesmente não consegue acreditar:
http://www.youtube.com/watch?v=sODnTssCcY8&feature=related (desculpem, nao aprendi ainda a mexer direito no blogger)
Outro gênio do mundo do chorinho era Jacob do Bandolim. Um gênio que tornou seu instrumento essencial para o chorinho. Abaixo, tocando a lindíssima "Lamento", com seu grupo Época de Ouro.
Abaixo a monstruosa Ademilde Fonseca (que eu saiba, a única cantora especializada em chorinho, genero que tem a peculiaridade de ser majoritariamente instrumental) arrasando na incrível "Tico Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu:
O grande Abel Ferreira destroçando na fantástica "André de Sapato Novo"
Um dia Vinicius de Moraes resolveu começar a colocar letra em chorinhos. Uma delas, a mágica "Odeon", de Ernesto Nazareth. Grande interpretação de Nara Leão:
Por fim, um grupo absolutamente incrível: o Quinteto Villa-Lobos, executando um pot-pourri de choros clássicos
Fala sério: não é espetacular?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Vingança não é a solução


Tenho certeza que voce se deparou com imagens como essa acima nos últimos dias. É impossível fugir dela. Há até um vídeo mostrando os últimos momentos de Gaddafi. Muita gente se deleita com isso. Dizem que ele mereceu. Acham que quem não diz "bem feito, se lascou, babaca" é porque aprova a ditadura do indivíduo em questão. É uma abordagem. Mas há outra, adotada em um evento muito mais importante que esse, acontecido ontem, mas que não terá o mesmo impacto global.
Na Argentina 18 assassinos ligados à ditadura que assolou o país vizinho entre 1976 e 1983 foram julgados. 12 receberam prisão perpétua. Outros 4 levaram penas de 20 a 25 anos. Dois foram absolvidos, mas não podem comemorar, pois estão presos devidos a outras acusações. Um deles, Alfredo Astiz, é o responsável por uma lista tão absurda de barbaridades que faria Gaddafi se horrorizar. Posso contar uma história dele, só pra ilustrar?
Como você deve saber, em 1977 um grupo de mulheres sem militância política se reuniu na Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, para perguntar onde estavam o corpo de seus filhos. Não queriam política. Queriam apenas enterrá-los. Nem foram recebidos pelo presidente Videla, e ficaram lá, esperando. Era o embrião das Madres (e depois Abuelas) da Plaza de Mayo. Os militares não gostaram. E mandaram Astiz resolver o problema.
O jovem militar se infiltrou entre as madres. As mulheres se encantaram, enternecidas por aquele jovem que dizia estar lá querendo saber de seus pais desaparecidos. Se referiam a ele como "anjo loiro". Até o dia em que Astiz apareceu na Igreja de Santa Cruz, onde as líderes se encontravam. Abraçou uma a uma, assim como as monjas francesas que as acompanhavam e alguns ativistas de direitos humanos. Era o "abraço da morte", um sinal combinado com os militares que estavam por perto. Todos os que foram abraçados seriam sequestrados clandestinamente em seguida. Nunca mais foram vistos.
Há algo dentro de mim que me faz querer fazer com esse indíviduo e outros como ele o que fizeram com o kaddafi. É impossível censurar quem queira fazer isso. Mas vamos comparar: o que é melhor, justiçar alguém, ou garantir todos os seus direitos de defesa e julgá-lo como pessoas civilizadas devem fazer?
Tenho certeza que hoje nenhum argentino que tenha coração (seja por que corrente política esse coração bata) tem a menor dúvida. Esses milhões de argentinos hoje andam pelas ruas orgulhosos de viver em um país que fez justiça de verdade. Nada de olho por olho, dente por dente. Justiça de verdade. Nada de fazer com os assassinos o mesmo que se lamenta que eles tenham feito com os outros.
Astiz teve o que merecia. Às vésperas de completar 60 anos de idade foi condenado à prisão perpétua, vendo todo o seu país comemorar sua desgraça. Isso é infinitamente pior que a morte. Isso é justiça. É o que kaddafi merecia.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Veja e Orlando Silva Jr.: onde estão os mocinhos da história?

Nos últimos dias fomos submetidos a uma nova guerra de informação. Os oponentes, os mesmos de sempre. De um lado, a grande imprensa e a oposição. De outro, Carta Capital, blogueiros progresistas e governo. Desta vez o assunto foi o ministro dos esportes. Como sempre, você pode escolher entre três opções. Acreditar na grande mídia e berrar que o PT inventou a corrupção. Acreditar na chamada "imprensa alternativa" e acreditar que jamais houve corrupção no governo petista, e que tudo é invenção da grande mídia golpista. E tentar não ser um pobre joguete dos dois lados. Eu escolho sempre a última. Não sou trouxa. E como dizia um velho professor dos meus tempos de universidade: gosto ao menos de saber com que molho estou sendo comido.
Comecemos com o seguinte: esse ministro é horripilantemente ruim. Desde o início do governo Lula o ministério dos esportes está com o PC do B, com resultados desastrosos. O esporte de alto rendimento vai mal, o de base também, e o povo segue sem acesso ao lazer que o esporte proporciona. E essas relações com as ONG's do próprio PC do B são asquerosas de fato. Merecem investigação com toda a certeza.
E nem vamos falar do fato de que desde que as denúncias começaram o PC do B resolveu lembrar que tem "comunista" no nome, e danou a falar de Prestes (que, aliás, era do PCB, não do PC do B) e dos mortos do Araguaia. Enlameia a memória desses heróis tentando vender a idéia de que estão sendo perseguidos por serem um partido revolucionário. Balela. O partido é um antro de jovens que vão para o movimento estudantil por oportunismo, "estudantes" que nem pisam em sala de aula e depois ingressam na carreira política. Um entulho. O próprio Orlando Silva se enquadra no perfil (foi presidente da UNE quando eu fazia faculdade, alias).
Mas por outro lado, como de costume a Veja foi de uma tremenda má fé. Pegou um criminoso que dizia ter provas contra o ministro. Não checou nada, apenas jogou as denúncias. Tais provas ainda não apareceram. Mas mesmo assim a própria imprensa e toda a grande mídia repetem que o ministro é culpado, e que só não caiu porque Dilma está de pirraça, não querendo dar o braço a torcer de que ela, a mídia, desmascarou o governo mais uma vez.
Aqui vai o que eu acho. Orlando Silva é um ministro horrendo que deveria ter sido demitido há tempos. Mas nesse caso específico (não falo das ONG's, que devem sim ser investigadas, mas da corrupção) ainda não vi razão para crer que ele é culpado. Até agora o que vi é uma imprensa que aproveita que as pessoas estão prontas a acreditar em qualquer denúncia, e usa isso para seguir vendendo a idéia de que o PT inventou a corrupção. E há muita gente tola o bastante para acreditar nesse tipo de coisa.
Até porque há outro dado que me parece ser o centro da história, e que não foi muito falado ainda: a Editora Abril (que publica a Veja) é apoiadora oficial da copa 2014 (está no site da FIFA, não é segredo). Parêntesis: para um órgão que se diz independiente e questionador, é absurdo se vincular a um evento oficial como esses, ainda mais que está com a maior pinta de corrupção e desvio de dinheiro público. Totalmente anti-ético. Conflito de interesses total. Fecha parêntesis.
As denúncias da Veja vieram no exato instante em que FIFA e governo travam queda de braço sobre a questão da meia entrada na Copa 2014. A FIFA quer proibir, e o governo diz que isso seria atentar contra a soberania brasileira. Balela. A FIFA quer grana, e o PC do B quer agradar sua única base, o movimento estudantil, que transformou a meia-entrada numa verdadeira máfia (no dia em que tomei posse do meu cargo de PROFESSOR da UFRPE, um funcionário da universidade quis me vender uma carteira de estudante da mesma, por exemplo).
A briga é essa. Não tem a ver com corrupção, com revolução, com independência de opinião ou soberania nacional. Tem a ver com dinheiro e poder. Os dois lados são igualmente cretinos. A Veja faz o jogo da FIFA. E o governo joga a favor do PC do B. Só isso. Uma história de bandido contra bandido. Trouxa de quem acredita neles.

domingo, 23 de outubro de 2011

Mimimi direitista


Ao contrário do que dizem os blogueiros progressistas, o Brasil não fez nenhuma revolução no governo Lula. Mas não dá pra discutir que vivemos o melhor momento econômico em muitos anos. O que faz com que as tensões sociais estejam absolutamente controladas. Politicamente vivemos a democracia talvez mais sólida que já tivemos. Está muitíssimo longe de ser o país que queremos, mas indubitavelmente é o melhor momento em muitos anos.
Mas como você sabe, quem lê jornais e revistas e vê TV não sabe de nada disso. Nesses espaços temos um governo maluco, que adota políticas "heterodoxas" (leia-se não-liberais), inventou a corrupção e, o mais genial de tudo, impede as críticas a ele (embora esses veículos critiquem o governo o todo santo dia), ameaçando a democracia e a liberdade de imprensa. Tudo isso, claro, dito por órgãos que apoiaram entusiasticamente a ditadura militar.
Pois é, essa história se repete por todo nosso pobre continente. Basta acompanhar o noticiário sobre as eleições argentinas. É exatamente igual. Reclamam que não há liberdade, ainda que todos os principais veículos desçam o pau no governo diariamente, reclama-se da desastrada condução da economia, ainda que o país viva seu melhor momento no século, e as "análises" concluem que Cristina teve essa votação avassaladora porque enganou o povo com mentiras e a oposição é estúpida.
Por exemplo: logo após o fim da votação, Elisa Carrió reconheceu a derrota, comparou Cristina Kirchner a Gaddafi e disse que ela, Carrió, vai liderar a resistência à ditadura kirchnerista. Veja bem: ela disse isso ao fim de eleições livres e gerais, nas quais Cristina foi reeleita com votação consagradora! Eu sei, Lilita é um tipo deplorável que estava tentando desviar a atenção para o fato de não ter chegado aos 2% dos votos, atrás do trotskista Altamira. Mas ainda assim: o fato de ter escolhido esse argumento em particular já diz muito.
Veja: desde o surgimento do peronismo, foram disputadas 14 eleições presidenciais na Argentina. Das 12 que o peronismo pôde disputar, venceu 10 (perdeu apenas em 1983 e 1999), e nas duas em que não pôde concorrer apoiou o candidato vencedor. Ou seja: de 14 eleições, venceu 12. Só que nenhum desses presidentes eleitos dos anos 40 aos anos 70 pôde terminar seu mandato, sempre derrubados com o apoio desses mesmos que hoje falam que o kirchnerismo é uma ditadura.
No Brasil, ficamos de 1930 a 1989 (quase 60 anos!) numa tremenda instabilidade, com apenas 2 presidentes eleitos terminando o mandato (Dutra e JK), enquanto 4 foram derrubados/afastados (Vargas/45, Café Filho, Carlos Luz e Jango), um se suicidou e um renunciou. Essa zorra toda porque a direita (apoiada frequentemente por esses veículos de mídia que chamam Lula de ditador) achava inaceitável que o povo votasse em candidatos que ela não gostava.
Na Argentina o mesmo: ficaram de 1928 a 1989 sem UM presidente eleito livremente terminando o mandato. Tudo porque o povo era maciçamente peronista, e a direita achava isso inaceitável. Assim, de 1946 a 1983 foram 3 ditaduras, 4 presidentes derrubados, assassinatos e prisões por delito de opinião. Clarín e La Nación adorando tudo (e agora acham que o kirchnerismo é ditadura).
Agora me diga: quem é democrata e quem apóia ditadura?
Como sempre digo: a direita latino-americana tem uma anomalia. Foi acostumada a nunca perder eleições. Sempre foi preservada das derrotas, seja por seus jagunços, seja pelos militares, seja pelos norte-americanos. Viraram criancinhas mimadas que não sabem perder. Acham que democracia é quando eles ganham, e quando perdem, dizem que não deveria ter valido, que é ditadura, manipulação (leia-se: "se perdemos é porque fomos roubados"), isso quando não adotam discursos golpistas.
Uma das características essenciais do liberalismo é a crença incondicional na democracia, e essa talvez seja sua grande contribuição à humanidade. Mas aqui na América Latina isso não chegou. Nossa direita ainda não entendeu que eleição é como futebol: se ganha e se perde, e é o jogo jogado. Mas essas verdadeiras crianças mimadas realmente se acham as donas da bola. Se perdem, querem acabar com a brincadeira. Ou mudar a regra do jogo. Ou chamam alguém mais forte para resolver o problema a favor deles. Até quando?

A vitória de Cristina Kirchner e o amanhã




Escrevo no momento em que os argentinos estão votando, mas a reeleição de Cristina Fernandez de Kirchner é dada publicamente como certa mesmo pelos seus maiores inimigos. Há muito o que comemorar nisso: o kirchnerismo é uma versão argentina do lulismo (ou seja, tem peculiaridades, mas ocupa o mesmo espaço), enquanto as opções que se construíram eram profundamente lamentáveis. Esse sim é o grande problema sobre o qual eu gostaria de dizer algumas palavras.
(Antes um parêntesis. Nossa mídia trata a presidenta da argentina como uma ditadora populista. Mas isso é de esperar, já que ela vê o lulismo exatamente da mesma forma. Assim como voce nao acredita no que a Veja e a Folha dizem sobre nosso governo, não tem porque não dar o mesmíssimo desconto ao que dizem sobre o kirchnerismo, geralmente copiando idéias do seus equivalentes portenhos, como Clarín e La Nación).
O grande problema é o seguinte. Você acha que a política brasileira é demasiado personalista, onde os nomes estão acima dos projetos? Sim, voce tem razão. Mas pense que na Argentina isso é 100 vezes pior. Lá não existem projetos, apenas nomes. Claro que vários desses nomes têm projetos. Mas são projetos que se esgotam neles mesmos. Não têm vida independente deles. Ou seja, posso me referir a um lulo-petismo. Mas lá é só kirchnerismo mesmo.
E que dizer da oposição? O peronismo não-kirchnerista lançou dois nomes. Alberto Rodriguez Sáa encarnou um tiozinho simpático e folclórico ao estilo Plínio Sampaio, apresentando como projeto fazer pela Argentina o que fez por São Luís, sua província natal. O que ele fez por São Luis? Ninguém sabe muito bem, já que a província é virtualmente irrelevante (mal comparando, uma santa catarina sem litoral).
O outro nome peronista foi o abominável ex-presidente Eduardo Duhalde. Se você não lembra, foi o que chegou à presidência em 2002 jurando que não iria desvalorizar o peso, e fez isso alguns dias após assumir. Na Argentina é tido de forma generalizada como um Capo do tráfico internacional de drogas. Muitos se referem a ele como "narcoperonista". Precisa dizer mais?
A oposição não peronista tampouco se saiu bem. Elisa Carrió desta vez naufragou clamorosamente com seu discurso histérico e moralista. Os radicais, que poderiam, com sua história centenária, apresentar um discurso alternativo ao kirchnerismo, se saiu com um patético Ricardo Alfonsín, que nada mais fez que envergonhar seu sobrenome ilustre com uma campanha lamentável. O trostskismo conseguiu uma notável vitória ao conseguir fazer Jorge Altamira superar a barreira das prévias, mas evidentemente não é uma alternativa eleitoralmente viável.
A novidade que apareceu de fato foi Hermes Binner, ex-governador socialista da província de Santa Fé (não se assustem, ele é tão socialista quanto o PSB). Pouquíssimo conhecido no país até o início da campanha, Binner não propôs nada muito diferente, mas conseguiu canalizar o descontentamento generalizado com as lamentáveis candidaturas de oposição, capturou muitos votos anti-kirchneristas, chegou ao segundo lugar (ainda que uns 30 pontos atrás de Cristina) e se viabilizou como postulante ao papel de líder oposicionista no próximo quadriênio e, talvez, candidato viável à sucessão.
Perceberam o grande problema nisso tudo? São apenas nomes. Tudo é pessoal. Não há projetos. Bem ou mal, o Brasil tem um núcleo duro formado por dois projetos distintos que se alternam no poder (o demo-tucano e o lulo-petista). Nisso há muita coisa pessoal, mas há projetos discerníveis. Os argentinos não tem algo assim. Só existem os nomes, cada um defendendo suas idéias e contando com seus seguidores. E quando os nomes incluem certas figuras lamentáveis que estiveram nessa eleição, aí a coisa fica ruim de verdade.

sábado, 22 de outubro de 2011

Como Rafinha Bastos explica a existencia do DEM

Há algum tempo eu me perguntava qual o sentido da existência do DEM. Na origem de sua associação com os tucanos isso era evidente. Em 1994 FHC era o dono do plano real, tinha um projeto para o país e estava cercado de assessores intelectualmente brilhantes. Mas não tinha penetração popular.
A poderosa máquina do Dem lhe deu isso. Com a capilaridade que só um partido repleto de coronéis possui, o DEM deu a densidade eleitoral que os tucanos jamais tinham possuído. Agregou os milhões de votos de camponeses e moradores de cidades pequenas controlados por eles aos votos dos liberais urbanos que os tucanos já tinham.
Mas os oito anos do governo Lula corroeram essa base dos demos. Hoje esses votos pertencem ao lulismo. Vivendo aqui no nordeste é fácil demais perceber isso: essa massa miserável não vota mais em quem o coronel da área manda. Vota em quem Lula manda, o que empurrou muitos desses coronéis para os braços do lulo-petismo. O que tritura o DEM, cuja relevância sempre se baseou nesse voto de cabresto.
Assim, parece pouco provável que os tucanos necessitem seriamente dos votos de um partido que atualmente possui tão pouca força eleitoral. Mas o episódio Rafinha Bastos mostra exatamente porque o DEM continua sendo importante.
O PSDB professa um liberalismo urbano e racional. Se situa em um universo mental progressista, ainda que seus conceitos básicos na prática sejam excludentes. Uma visão assim não contempla parte essencial do eleitorado potencial deles: os homofóbicos, os racistas, os toscos, os escrotos. Toda essa gente odeia o PT por motivos óbvios, mas tampouco gosta dos tucanos, que na opinião deles não é muito diferente do lulo-petismo (nesse quesito especifico estão certíssimos).
O DEM oferece isso. Sua visão patética, direitista e reacionária traz para a aliança demo-tucana esses votos direitistas que o PSDB não conseguiria angariar sozinho. Em suma, os que acham engraçado um sujeito cuja carreira é construída a partir da ridicularização de mulheres estupradas e incitações à pedofilia não se identificariam em hipotese alguma com FHC, Serra ou Aécio Neves. Mas o DEM para essas pessoas é uma garantia de que a aliança oposicionista tem espaço para gente como eles.
Aí eu entendi o sentido do DEM: é o avalista que garante que os escrotos sempre terão espaço na aliança demo-tucana.

O mundo pelo prisma carioca


O Rio é a cidade mais linda do mundo. Tem o melhor povo: alegre, divertido e sem nenhum preconceito. Só existe humor no Rio. Só existe chope no Rio. Só existe mulher no Rio. Só existe música no Rio. Só existe carnaval no Rio. Qualquer problema que for apontado sobre a cidade é porque a imprensa paulista tem inveja do Rio.
O Rio só tem um problema: fica num país que em que todos querem sacaneá-lo. Roubaram o status de capital. O governo federal arrebenta com a cidade, já que ela sempre vota de maneira maravilhosa em políticos brilhantes, e isso gera a antipatia dos outros estados, que só votam em ladrão. Agora inventaram uma copa do mundo só para humilhar o Rio, coitado. A cidade "só" vai ter o Brasil na final, tremenda sacanagem. Tráfico, violência e corrupção não existem no Rio, mas se existirem, a culpa é dos outros estados.
A pior parte de todas é ter de conviver com essa gentinha, os brasileiros. Esses paulistas manés invejosos, esses gaúchos bichas, esses mineiros da roça, esses nordestinos cabeça chata. Todos eles unidos pra ferrar o Rio. Nós, do alto da nossa nobreza, elegemos parlamentares dispostos a discutir em alto nível os problemas nacionais. Os outros estados, essa gente mesquinha, elege gente para conseguir coisas para seus estados, sem se preocupar com o resto do país, como nós fazemos. Aí a gente se dá mal. Se aproveitam da nossa nobreza.
E o pior é que eles são todos provincianos. Só nós somos cosmopolitas, sabemos conviver com diferenças. Claro, falamos mal o dia todo dos outros, principalmente dos paulistas, mas é brincadeira, somos sempre assim, muito alegres e divertidos. Já falei que ninguém é engraçado como nós, né?
Mas isso vai acabar. Hoje li um artigo no JB que mostra que finalmente os cariocas acordaram e deixarão de serem tão inocentes em seu poço de virtudes incomparáveis. Você consegue imaginar um texto assim publicado em grandes órgãos de imprensa de outros estados? Claro que não. É mais uma coisa que só existe no Rio.
http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2011/10/20/queremos-o-rio-de-janeiro-fora-do-brasil/

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Coisas que deprimem: Brasil 2014

Ontem se anunciou onde acontecerão os jogos da Copa de 2014. A choradeira foi quase generalizada. Quase todos reclamando por sua cidade ter poucos jogos e a maioria chiando por não ver a seleção. Não vou nem comentar a estupidez disso: algum morador de Natal ou Cuiabá achou que veria a seleção, ou algum jogo importante? Os cariocas acharam que a seleção só jogaria lá? Mas enfim, vamos falar do que importa.
O Brasil jogará fora uma quantidade imensurável de dinheiro para fazer essa copa. Sem retorno à altura, claro. Uma pessoa tem de ser absurdamente ingênua para acreditar que Manaus vai entrar na rota dos grandes shows só por ter um estádio novo. Ou que as receitas de turismo durante o mundial vão compensar o bilhão de reais gastos no Maracanã.
Já disse e repito. Moro no Recife, uma cidade que evidentemente tinha de ser sede do mundial. É uma importante capital, que ama futebol, e possui três times que despertam a paixão de seus moradores. Mas veja como estão tratando o assunto. A cidade tem 3 estádios maravilhosamente bem localizados e que atendem perfeitamente o perfil de cada clube. Mas o governo prefere gastar centenas de milhões para fazer um quarto estádio fora da cidade. Que depois de receber quatro partidas do mundial vai ficar às moscas. No máximo terá alguns jogos do Náutico, uma torcida para a qual seu atual estádio de 18 mil pessoas é perfeitamente adequado. Quantos desses 10, 15 mil que normalmente vão aos Aflitos se disporão a sair da cidade para ver os jogos do seu time?
No fim, metade dos estádios serão elefantes brancos: Natal, Cuiabá, Brasília e Manaus não têm jogos à altura dos estádios lá construídos. O de Recife, pelas razões expostas, será subocupado. E a de Salvador será utilizada pelo Bahia, o que transformará o Pituaçu em elefante branco também. Rio, BH e Fortaleza farão bom uso dos seus, mas a um custo absurdo.
Nada disso me surpreende. Mas o que me irrita de fato é a postura das pessoas. Os cariocas acham lindo que seu governo torre 1 bilhão em um estádio que já havia passado por 3 reformas nos últimos 20 anos. Mas vão às raias da loucura ao ver que se o Brasil não chegar à final não jogará lá. O mesmo acontece por todo o Brasil. Jogar dinheiro fora em um país que paga 700 mangos para um professor, tudo bem. Mas não ter jogo da seleção em sua cidade, aí fica todo mundo revoltado.
Nessas horas que eu desanimo deste país.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Gaddafi

No dia da morte de Muammar Gaddafi, minha única pergunta é: por que a morte desse indivíduo foi considerada tão importante?
Pra mim não foi. Era um dos últimos representantes do nacionalismo árabe, aquele movimento que empolgou tanta gente ao desafiar o imperialismo norte-americano para fazer com que a dinheirama do petróleo ficasse em casa para desenvolver seus países, e ao fim degenerou em ditaduras. Ninguém que tenha um mínimo de bom senso negará que esse projeto fracassou. Bloqueou o imperialismo, mas não conteve a força da aliança EUA-Israel e, pior, levou a regimes como os que estão caindo agora.
Me surpreende que pessoas que se consideram progressistas lamentem regimes como esses. Fizeram sentido um dia, mas francamente... hoje? Quem em sã consciência pode achar que Gaddafi, Mubarak, Asad, Hussein e outros do gênero representam os oprimidos terceiro-mundistas?
Tampouco entendo o discurso conservador, que pretende apresentar a conta das barbaridades desses indivíduos para a esquerda. Como se ao termos uma postura anti-imperialista fossemos culpados pelos crimes desses caras. Sinto muito, mas essa conta não é nossa.
Lamento pelos esquerdistas infantis que defenderam os Gaddafis da vida. Também lamento pelos direitistas igualmente infantis que usam o fim desse regime inominável como uma derrota da esquerda.
Por mim não há pessoa de bem que não agradeça pelo fim disso tudo. A preocupação é o que vem em seguida. Aí sim vale a pena discutir. O que passou graças a deus passou.

Recomeçando

Este blog já existiu em outro tempo e lugar. Terminou por determinados motivos que eu realmente não gostaria de expor, pois são razões pessoais. E agora recomeça. Com o mesmo espírito de antes. Sem ter nenhum objetivo outro além de seguir sendo o espaço em que me sinto livre para me expressar. Pois este blog pode ser apenas um blog pra voce. Respeito isso. Só que pra mim é muito mais. É um canal através do qual ponho pra fora aquilo que preciso dizer. Aquilo que não tem como sair nas minhas aulas, nas minhas demais atividades acadêmicas, no meu contato com as pessoas, nos meus textos jornalísticos. O que sai aqui é o que penso. Sem freios, sem medo, sem filtros. Realmente é importante para mim. Espero ter em você, caro leitor, uma companhia nessa viagem.