Há algum tempo eu me perguntava qual o sentido da existência do DEM. Na origem de sua associação com os tucanos isso era evidente. Em 1994 FHC era o dono do plano real, tinha um projeto para o país e estava cercado de assessores intelectualmente brilhantes. Mas não tinha penetração popular.
A poderosa máquina do Dem lhe deu isso. Com a capilaridade que só um partido repleto de coronéis possui, o DEM deu a densidade eleitoral que os tucanos jamais tinham possuído. Agregou os milhões de votos de camponeses e moradores de cidades pequenas controlados por eles aos votos dos liberais urbanos que os tucanos já tinham.
Mas os oito anos do governo Lula corroeram essa base dos demos. Hoje esses votos pertencem ao lulismo. Vivendo aqui no nordeste é fácil demais perceber isso: essa massa miserável não vota mais em quem o coronel da área manda. Vota em quem Lula manda, o que empurrou muitos desses coronéis para os braços do lulo-petismo. O que tritura o DEM, cuja relevância sempre se baseou nesse voto de cabresto.
Assim, parece pouco provável que os tucanos necessitem seriamente dos votos de um partido que atualmente possui tão pouca força eleitoral. Mas o episódio Rafinha Bastos mostra exatamente porque o DEM continua sendo importante.
O PSDB professa um liberalismo urbano e racional. Se situa em um universo mental progressista, ainda que seus conceitos básicos na prática sejam excludentes. Uma visão assim não contempla parte essencial do eleitorado potencial deles: os homofóbicos, os racistas, os toscos, os escrotos. Toda essa gente odeia o PT por motivos óbvios, mas tampouco gosta dos tucanos, que na opinião deles não é muito diferente do lulo-petismo (nesse quesito especifico estão certíssimos).
O DEM oferece isso. Sua visão patética, direitista e reacionária traz para a aliança demo-tucana esses votos direitistas que o PSDB não conseguiria angariar sozinho. Em suma, os que acham engraçado um sujeito cuja carreira é construída a partir da ridicularização de mulheres estupradas e incitações à pedofilia não se identificariam em hipotese alguma com FHC, Serra ou Aécio Neves. Mas o DEM para essas pessoas é uma garantia de que a aliança oposicionista tem espaço para gente como eles.
Aí eu entendi o sentido do DEM: é o avalista que garante que os escrotos sempre terão espaço na aliança demo-tucana.
É realmente entender para que lado nossa politica irá nos levar é tarefa das mais dificeis que já vi, mas uma coisa é certa: essas alianças obscuras das quais tiago referiu-se são fruto do carater inescrupuloso de nossa direita liberal, ou seja, tucanos e Dem, travestidos de sociais democratas. Sei que não demorará para criar-se a posteriori, a verdadeira face dessa aliança, ou seja, o leviatã. Felipe. 7 periodo ht ufrpe
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