sexta-feira, 30 de março de 2012

50 anos de mais um golpe



Nesta semana completamos 50 anos do golpe que derrubou Arturo Frondizi da presidência argentina. Um evento que dá o que pensar, já que Frondizi não era esquerdista, na verdade era um liberal ao estilo JK, com o qual estabeleceu excelentes relações.
A história começa em 1955, quando os militares derrubaram Perón da presidência. A "Libertadora" manteve o poder por 3 anos, e levou a cabo a "desperonização". Em 1958 avaliaram que o país estava livre do peronismo e autorizaram eleições.
Frondizi percebeu que era impossível vencer aquelas eleições sem o apoio da massa peronista. E se candidatou prometendo legalizar o movimento proscrito. O peronismo despejou seus votos nele, que venceu de lavada. Mas em 1961 Frondizi resolveu cumprir o que havia prometido e legalizar o peronismo. Foi derrubado no ano seguinte.
Assumiu um governo provisório, que presidiu as eleições seguintes. E a história se repetiu. Novamente venceu o candidato que prometeu aceitar a volta de Perón. Seus seguidores votaram em Arturo Illia por isso, e o candidato assumiu a presidência. Quando pensou em cumprir a promessa teve o mesmo destino de seu antecessor. Em 1966 foi derrubado pelos militares, que dessa vez resolveram manter uma ditadura mais longa.
Em 1973 finalmente aceitaram eleições livres. O peronista Hector Campora venceu facilmente, autorizou o retorno de Perón e renunciou, convocando novas eleições. Aos 78 anos Perón voltou a Argentina depois de 18 anos e se elegeu presidente. Morreu no ano seguinte, deixando o poder nas mãos de sua inepta viúva, derrubada por um golpe militar em 1976.
O resultado foi que a Argentina foi provavelmente o país mais instável politicamente desse tempo. Entre 1955 e 1983 foram 18 presidentes, 4 deles derrubados (Perón, Frondizi, Illia e Isabelita Perón) e 3 ditaduras. Ao fim, o país que havia sido a sexta economia do mundo havia se transformado em mais uma nação terceiro-mundista.
Tudo isso por uma simples e única razão. A população do país era peronista. Queria votar na corrente que gostava. Mas para a elite e o exército isso não era tolerável. A desgraça argentina foi ter uma população que não votava como essa gente queria. Pois para a direita latino-americana democracia é um conceito relativo. Só vale se o povo votar "certo". Se votar em quem essa gente não gosta, lá vem as armas.
Infelizmente para a Argentina seu povo era peronista. E a elite e o exército achavam que aceitar isso era antidemocrático. Infelizmente nosso continente é assim mesmo. Temos uma elite que não acha democrático que o povo vote em quem queira, e que o remédio é aplicar o corretivo das armas. Paciência.

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