Sob essa ótica o governo Dilma está mais tucano que petista. Logo de cara meteu com força o pé no freio do crescimento, temendo a volta da inflação. Com ela o Brasil teve um crescimento baixíssimo mas controlou a inflação. O velho "remédio amargo" que FHC tantas vezes mencionou na campanha da reeleição em 1998.
Dos 48 meses do mandato de Dilma se passaram 16. Um terço, exatamente. Não é muito, mas também não é pouco. É o período em que ainda não dá pra ter clareza do resultado final do governo, mas é mais do que o bastante para ver quais são as prioridades.
Na verdade o aspecto mencionado não me preocupa tanto. Dilma ocupa seu primeiro cargo eletivo, e certamente teme ser vista como incompetente. O risco de volta da inflação não era irrelevante, e entendo que ela quis evitar o risco. Provavelmente ela já percebeu que exagerou na dose e reverterá parcialmente suas ações, buscando voltar a induzir o crescimento.
Me preocupo mais com outras coisas. Como as tais "concessões" à iniciativa privada, que se tivessem acontecido num governo tucano o PT chamaria de "privatizações". Ou a evidente tranquilidade com que se curva à bancada evangélica, praticamente sem pedir nada em troca.
Por outro lado está sua firmeza. Dilma está evidentemente sendo testada pelos partidos que só querem boquinhas no governo e está resistindo. Não está se deixando levar pela chantagem de "se não me der os cargos que quero vou para a oposição". A presidente sabe bem que é mero blefe de grupos que simplesmente não terão razão de existência se não forem governo, e está até fazendo o jogo certo com eles.
Em suma, ainda não dá pra saber muito bem onde isso vai dar. Mas melhor ficar atento. Há sinais de guinada à direita no ar. Afinal, convenhamos: ninguém é capa da Veja em tom tão elogioso por acaso.
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