quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Construção 40 anos


Muita gente acha que não gosto de Chico Buarque. Mas isso é fruto de um mal-entendido. Eu detesto sim certos tipos de fãs dele. Os que o colocam num pedestal de santo que ele nunca pediu para estar. Os que o tem como "bom moço" sem que ele jamais tenha dado motivo para isso (convenhamos: cachaceiro, mulherengo, opositor da ditadura, que raio de "bom moço" é esse?). E os que tem vergonha de gostarem de algo visto como sem valor simbólico e querem dar uma de intelectualizados (ou seja: "eu gosto de Chico Buarque" = "me deixem entrar para o clube do pessoal cabeça?").
Detesto isso tudo. Mas o artista não tem culpa de nada disso. É apenas um músico fazendo o melhor que pode, sem encher o saco de ninguém. E o melhor que pode é muito, mas muito mesmo. Nos primeiros 15 anos de carreira seus discos são todos absolutamente excelentes. Claro, isso até a primeira metade dos anos 80, quando ele e toda a sua geração parecem ter esgotado a criatividade e começaram a repetir-se (ou coisa pior), enquanto eram cristalizados como deuses inquestionáveis do panteão dessa xaropada chamada MPB.
E no meio desse monte de discos totalmente excelentes está Construção, a meu ver o melhor deles. O disco, que completa 40 anos este ano, é um dos melhores de sua brilhante geração. Tem músicas que eu simplesmente não aguento mais ouvir, mas que são efetivamente geniais ("Construção", "Cotidiano", "Minha História", "Valsinha", "Acalanto"), e outras coisas muitíssimo boas, como "Deus Lhe Pague" e "Samba de Orly". Um disco daqueles que só se consegue fazer uma vez na vida. Mesmo que voce for um Chico Buarque.





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