terça-feira, 22 de novembro de 2011

MPB: o câncer da música brasileira


Antes de começar este post, permitam que eu diga o seguinte. Nada do que vier abaixo deve fazer com que se ache que eu não gosto de música brasileira. Pois não há quem não goste de música brasileira. Alguém que não goste de NADA na música brasileira tem sérios problemas. Junto com os EUA é a maior tradição músical da história humana. A existência de coisas maravilhosas em outros países (rock inglês, chanson francesa, musica folclorica latino-americana, candombe uruguaio) não muda isso. Assim como a existência de Eusébio, Bobby Charlton e Puskas não faz de Portugal, Inglaterra e Hungria países com mais tradição futebolística que o Brasil.
Isso posto, quero registrar o seguinte: detesto a idéia de "MPB". Mas detesto com muita força. Detesto há muito tempo: me lembro que há quase 15 anos eu e outro então jovem historiador discutíamos isso num congresso nacional da Anpuh. Eu mudei de assunto na minha carreira acadêmica, mas o cara, que se chama Marcos Napolitano, hoje é simplesmente o melhor historiador do brasil em termos de discussão sobre música. E desenvolvendo argumentos sobre esse assunto que eu compartilho até hoje.
Eu odeio o termo "MPB" por duas razões básicas:
1) O termo cria uma hierarquização que considero insuportável. Separa uma elite intelectual "culta" de uma massa "inculta" que curte musica popular brasileira "errada" e uma música "folclórica", que é propriedade dos mais pobres, coisa que a gente acha legal dizer que gosta, mas que na verdade não gosta. Em suma: se quiser ser "culto", "antenado" e "legal" basta dizer que curte Chico Buarque e sua turma. Basta para se diferenciar dos "burros" e dos "pobres".
2) Musicalmente o termo cria uma separação absolutamente inviável entre coisas que são parecidas. O exemplo clássico é entre a MPB e o rock. Qualquer pessoa que tenha escutado os baianos e os mineiros da "MPB" no fim dos 60 e inicio dos 70 sabe muito bem o que eles faziam: rock que dialogava com a música nacional. Sensacional! Mas como eles ao longo do tempo se consolidaram como "adultos" "responsáveis", mesmo aquela produção tão brilhante é tida como "MPB". Um saco. E uma violência ao mais básico senso comum.
Que fique claro: os ícones da MPB não tem grande responsabilidade nisso. O problema é dos que construiram a idéia de que rock é coisa de jovens irresponsáveis, música que toca na FM é para a massa inculta, música folclórica é para desdentado e a MPB é coisa isolada de todo o resto, sagrada e inegociável, sem nenhum diálogo com nada, pura e perfeita para adultos inteligentes e responsáveis.
Morte a isso tudo, a esse lixo careta. E todo meu respeito aos que fizeram rocks maravilhosos, e que ignoraram essa babaquice. Rockeiros que não esqueceram o país onde nasceram. Mitos.








2 comentários: