domingo, 11 de dezembro de 2011

Liberdade e Qualidade de Vida: é possível ter tudo?


Li agora há pouco que segundo a Unicef, Cuba é o único país latino-americano onde não existe subnutrição infantil. Algo absolutamente espantoso para um país pequeno e pobre, além de vítima de um embargo norte-americano há cinco décadas. Mas não chega a ser surpreendente, pois Cuba sempre aparece como o país latino-americano melhor colocado em todos os indicadores sociais, disputando com a Argentina e Uruguai. O Brasil, coitado, fica muito atrás sempre.
Exemplos: Brasil tem 11.300 de PIB per capita, enquanto Cuba nao passa dos 4.500. Mas eles estão mais de 30 posições à nossa frente no IDH. A mortalidade infantil é quatro vezes menor. A alfabetização é de 99,8%, contra 90,4%. A expectativa de vida é 5 anos maior.
Há duas abordagens possíveis: a primeira é dizer que isso prova o sucesso do socialismo real e a impossibilidade do capitalismo cuidar das pessoas. O segundo, é que isso não é a única coisa que importa, e outros países, como o Brasil, tem a liberdade, algo que os cubanos nem sonham em ter.
Aí os primeiros vão dizer: grande porcaria, ser o pai de uma criança subnutrida mas poder reclamar a vontade disso. Talvez lembrem que essa liberdade não é lá essas coisas, já que a mídia nem vai mencionar esse dado, deixando de propósito os brasileiros na ignorancia desse fato. Enquanto isso os segundos vão dizer: os maiores IDH do mundo são capitalistas, e mesmo na América Latina, países como Argentina e Uruguai tem índices muito próximos aos cubanos sem abandonarem o capitalismo.
Na verdade é uma discussão que nasce inteiramente viciada. Não há relação entre um país ser democracia ou não e sua população ter uma boa qualidade de vida ou não. Cuba não é um país com altos indicadores sociais por ser uma ditadura, nem o Brasil tem péssimos indicadores por podermos reclamar do governo em paz.
A rigor o que Cuba nos mostra é uma outra coisa. Se um governo tiver vontade de melhorar a vida de sua população, ele o conseguirá. Sem demora nem investimentos espetaculares. Um país tão pobre conseguiu melhorar espetacularmente seus indicadores sociais em um período curto de tempo. O Brasil avança muito mais devagar. É inadmissível.
Não vou discutir aqui por que não andamos rápido como poderíamos nisso. Só vou dizer uma coisa. Cuba ter indices como os que tem e o Brasil ter outros muito piores só mostra uma coisa: que nós deveríamos nos envergonhar o dia inteiro por termos essa situação. Não importa que diabos somos nós. Estarmos assim é intolerável. Só não acho que muita gente se importe.

3 comentários:

  1. E aí Tiago, por você estar todos os dias com universitários você sabe disso mais do que eu, mas eu conheço bastante gente que está indo fazer estágio e intercâmbio na Argentina devido as oportunidades e qualidade das universidades de lá... Não adianta ficarmos nessa de "A economia vai bem, o povo é que vai mal"... Chega de definir a situação do país assim...

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  2. Tiago, desculpe o off-topic, mas não se assuste com a reação do pessoal da Trivela. Eu era leitor do site e comprador da revista (antes de acabar) na época em que tinha gente legal lá, tipo o Cassiano Gobbet, o Carlos Eduardo Freitas que até alemão aprendeu para acompanhar a Bundesliga, o falecido Luiz Fernando Bindi que era uma enciclopédia ambulante...

    Eles tinham uma proposta jornalística excelente, que foi se desvirtuando com o tempo. Hoje, você entra em qualquer post e vê aquela discussão acéfala entre pachecos que acham que o Brasil só perde para conspirações e eurocentristas que gozam com cada lance do Chelsea. Mesmo que o assunto seja futebol neozelandês. E eles acham legal porque dá audiência, já escrevi reclamando e nada...

    E o tal de Caio Maia é um polemista nato, frequentemente destratado pelos próprios leitores do site. Lembra do Paulo Francis, e do meu xará hoje exilado na Itália? Pois é. Tem um pouco desse e daquele.

    Sobre Cuba, fica a perguntinha: e se o Japão fosse submetido ao bloqueio psicótico que os EUA impõem, teria chegado a ser uma superpotência? Sempre digo isso e tentam me calar como nos "bons tempos".

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  3. complementando, eis uma resposta do Cassiano a um leitor que indagou sobre a saída dele da Trivela (a referência é ao Tomaz Alves, que escrevia sobre futebol inglês):

    "Flavio, saí da Trivela porque se cometeu uma injustiça obscena com o Tomaz (um dos caras mais decentes que já conheci) e ninguém mais teve coragem de se levantar para defendê-lo. Não acho que seja o caso de debater isso aqui porque eu não vejo sentido em polêmica fútil. Abs"

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