terça-feira, 6 de dezembro de 2011

The Awful Truth: rock é música de velho


Li uma matéria na Folha de hoje que me deprimiu completamente. O texto ia empilhando dados sobre o Brasil e o mundo para argumentar o seguinte: os jovens não gostam mais de rock. O argumento era convicente, e eu tentando procurar furos na reportagem, sem encontrar nenhum. A certa altura resolvem entrevistar os "sobreviventes do rock": Pitty e J. Quest. Por favor, me matem. Se isso é o que restou de rock, desisto.
O pior é que a matéria escancara algo que eu intuía há algum tempo mas preferia não ver. Meus alunos mesmo se dividem entre os "bregas" e os "alternativos" (Mc Sheldon x Chico Science). Rock não tem (aliás não tem nada que não seja de Pernambuco, por sinal). Tudo bem que o mundo acadêmico nunca foi exatamente a casa do rock, sempre foi mais MPB. Mas passei inesquecíveis tardes na cantina do IFCH-Unicamp discutindo rock por horas e horas tendo ao centro uma garrafa com uns dois dedos de cerveja quente (e a gente sem dinheiro pra mandar descer outra). Nunca fomos majoritários no mundo acadêmico, mas sempre tivemos nosso espaço.
E mesmo fora da universidade não vejo nada acontecendo em termos de rock. O mundo deve ter ficado tão bom, tão legal, tão maravilhoso, que ninguém tem mais nada para reclamar, a ponto de mesmo adolescentes só terem ouvido para música mela-cueca. Não deve haver mais motivo para berrar de ódio contra um mundo escroto.
Veja, não acho que ninguém seja obrigado a gostar de rock, e eu mesmo gosto de tantos generos que daria uns 10 posts só pra falar de todos eles. Só acho que um gênero como esse, que sempre foi um canal poderoso para expressar a rebeldia e insatisfação tem um lugar muito importante. E me preocupa viver em um mundo onde jovens não vêem qualquer afinidade com algo assim.
É, amigo, rock agora é coisa de velho. Bem, pelo menos o envelhecimento finalmente trouxe algum motivo de orgulho.






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