Há 30 anos o Flamengo vivia o dia mais importante de sua história, ao atropelar o Liverpool por 3 a 0 e ser campeão mundial. Time de maior torcida do país, o rubro-negro é particularmente querido por boa parte de nossa imprensa, que tem relembrado a data de forma acrítica e laudatória. Se eu tivesse a idade dos meus alunos não iria acreditar em nada do que estão falando. Afinal, não dá pra acreditar que um time seja tão perfeito.
Mas não espere que eu vá dizer que o time era ruim. A questão é que essa visão acrítica acaba escondendo inclusive coisas boas que o time tinha. Por exemplo: a garotada de 20/25 anos se acostumou com o futebol que viram a vida toda. Ou seja, sem meio de campo, apenas 2 volantes que só sabem dar porrada e 2 meias que só atacam. Nunca viram um grande camisa 8 à moda antiga, daqueles que atuavam de uma intermediária à outra, capazes de marcar e armar o jogo com a mesma competencia.
Pois bem, o Flamengo tinha DOIS desses no time titular: Andrade e Adílio. Não sábíamos, mas era o fim de uma linhagem maravilhosa, que nos havia dado gente como Didi, Gérson e Rivelino. Andrade e Adílio foram maravilhosos camisas 8, que jogavam juntos num mesmo time, aquele Flamengo. Na época não dávamos tanto valor a eles, já que eram comtemporâneos dos monstros chamados Falcão e Cerezo, mas após 25 anos sem termos jogadores assim, essa dupla do Flamengo parece uma coisa que não dá pra explicar.
Mas por outro lado, acho que falta contextualizar melhor aquele time no cenário em que ele estava. Aquela foi uma das maiores gerações da história do futebol brasileiro, a rigor nossa última verdadeira geração de ouro. E como não havia nada parecido com a atual facilidade de vender jogadores para o exterior, esses caras jogavam aqui, voce podia vê-los o tempo todo.
O que significa o seguinte: o Flamengo era um timaço, mas não em um nivel que desequilibrasse os campeonatos. Aquele era o melhor time em um cenário com outras grandes equipes. Por exemplo, aquele rubro-negro teve 3 titulares na seleção de 82 (Zico, Leandro e Junior), mas o São Paulo e o Atlético/MG tambem (Valdir Peres, Oscar e Serginho/Luisinho, Cerezo e Éder). O mais comum era o Flamengo vencer esses outros grandes times, mas não era nada anormal quando perdia.
Lembrando: a final do Brasileirão de 1980 foi resolvida nos critérios de desempate com o Atlético/MG, já que cada equipe venceu uma partida por um gol (o ultimo jogo, 3 a 2 para o Flamengo, certamente um dos maiores jogos da história). Em 1981 o Botafogo, que não era nada demais, despachou o rubro-negro em um sensacional 3 a 1, com dois gols marcados nos últimos minutos, sendo o terceiro um verdadeiro golaço, em que o ótimo Mendonça simplesmente humilhou Junior. E também naquele 81, o Vasco venceu 2 dos três jogos da final do carioca, perdendo o título apenas na terceira partida (o Flamengo tinha o direito de perder 2 das 3 pela melhor campanha)
E o Flamengo quase sempre vencia esses jogos tão equilibrados não apenas porque era melhor, mas também porque era comum uma ajudinha do juiz. Por exemplo, a famosa partida-desempate do Serra Dourada pela Libertadores de 81, em que José Roberto Wright acabou com o jogo ao expulsar cinco jogadores do Galo. A final do Brasileirão de 82, quando Andrade tirou com as mãos uma bola de dentro do gol, e o juiz mandou o jogo seguir.
E a imprensa tem sido tão acrítica em relação a isso tudo, que o jornalista Eduardo Monsanto, da ESPN Brasil, quando perguntado sobre o jogo do Serra Dourada, respondeu, de forma inacreditável, que "o juiz ajudou sim, mas não fez nenhuma diferença, o Flamengo ia ganhar mesmo". O juiz expulsar CINCO jogadores não fez diferença?
Esse é o problema dessa visão acrítica. Faz parecer que aquele timaço passeava sobre os adversários. Não era assim. Aquele era o melhor time em um universo cheio de grandes times. Não há nada a acrescentar em relação ao fato de que o Flamengo era um timaço, cheio de craques. Era mesmo. Também era o melhor time do Brasil, e provavelmente do mundo. Mas desenhar um cenário no qual esse timaço saía por aí atropelando quem aparecesse pela frente não tem nada a ver.
Mas não espere que eu vá dizer que o time era ruim. A questão é que essa visão acrítica acaba escondendo inclusive coisas boas que o time tinha. Por exemplo: a garotada de 20/25 anos se acostumou com o futebol que viram a vida toda. Ou seja, sem meio de campo, apenas 2 volantes que só sabem dar porrada e 2 meias que só atacam. Nunca viram um grande camisa 8 à moda antiga, daqueles que atuavam de uma intermediária à outra, capazes de marcar e armar o jogo com a mesma competencia.
Pois bem, o Flamengo tinha DOIS desses no time titular: Andrade e Adílio. Não sábíamos, mas era o fim de uma linhagem maravilhosa, que nos havia dado gente como Didi, Gérson e Rivelino. Andrade e Adílio foram maravilhosos camisas 8, que jogavam juntos num mesmo time, aquele Flamengo. Na época não dávamos tanto valor a eles, já que eram comtemporâneos dos monstros chamados Falcão e Cerezo, mas após 25 anos sem termos jogadores assim, essa dupla do Flamengo parece uma coisa que não dá pra explicar.
Mas por outro lado, acho que falta contextualizar melhor aquele time no cenário em que ele estava. Aquela foi uma das maiores gerações da história do futebol brasileiro, a rigor nossa última verdadeira geração de ouro. E como não havia nada parecido com a atual facilidade de vender jogadores para o exterior, esses caras jogavam aqui, voce podia vê-los o tempo todo.
O que significa o seguinte: o Flamengo era um timaço, mas não em um nivel que desequilibrasse os campeonatos. Aquele era o melhor time em um cenário com outras grandes equipes. Por exemplo, aquele rubro-negro teve 3 titulares na seleção de 82 (Zico, Leandro e Junior), mas o São Paulo e o Atlético/MG tambem (Valdir Peres, Oscar e Serginho/Luisinho, Cerezo e Éder). O mais comum era o Flamengo vencer esses outros grandes times, mas não era nada anormal quando perdia.
Lembrando: a final do Brasileirão de 1980 foi resolvida nos critérios de desempate com o Atlético/MG, já que cada equipe venceu uma partida por um gol (o ultimo jogo, 3 a 2 para o Flamengo, certamente um dos maiores jogos da história). Em 1981 o Botafogo, que não era nada demais, despachou o rubro-negro em um sensacional 3 a 1, com dois gols marcados nos últimos minutos, sendo o terceiro um verdadeiro golaço, em que o ótimo Mendonça simplesmente humilhou Junior. E também naquele 81, o Vasco venceu 2 dos três jogos da final do carioca, perdendo o título apenas na terceira partida (o Flamengo tinha o direito de perder 2 das 3 pela melhor campanha)
E o Flamengo quase sempre vencia esses jogos tão equilibrados não apenas porque era melhor, mas também porque era comum uma ajudinha do juiz. Por exemplo, a famosa partida-desempate do Serra Dourada pela Libertadores de 81, em que José Roberto Wright acabou com o jogo ao expulsar cinco jogadores do Galo. A final do Brasileirão de 82, quando Andrade tirou com as mãos uma bola de dentro do gol, e o juiz mandou o jogo seguir.
E a imprensa tem sido tão acrítica em relação a isso tudo, que o jornalista Eduardo Monsanto, da ESPN Brasil, quando perguntado sobre o jogo do Serra Dourada, respondeu, de forma inacreditável, que "o juiz ajudou sim, mas não fez nenhuma diferença, o Flamengo ia ganhar mesmo". O juiz expulsar CINCO jogadores não fez diferença?
Esse é o problema dessa visão acrítica. Faz parecer que aquele timaço passeava sobre os adversários. Não era assim. Aquele era o melhor time em um universo cheio de grandes times. Não há nada a acrescentar em relação ao fato de que o Flamengo era um timaço, cheio de craques. Era mesmo. Também era o melhor time do Brasil, e provavelmente do mundo. Mas desenhar um cenário no qual esse timaço saía por aí atropelando quem aparecesse pela frente não tem nada a ver.
O que direi dessas coisas?!?!? Amo muito tudo conhecer tudo isso?!?! É, acho que essa é frase adequada: Amo muito conhecer suas memórias relacionadas ao futebol!
ResponderExcluirPerfeito o último momento do seu texto, Tiago.
ResponderExcluir"[...]Mas desenhar um cenário no qual esse timaço saía por aí atropelando quem aparecesse pela frente não tem nada a ver."
Tanto é que no campeonato de 82, quando vieram jogar aqui na Ilha, só passaram por causa do apito amigo. Indiscutivelmente um grande time, mas não se pode esconder nunca que era ajudado.
Sobre esse comentário do Dudu Monsanto, se fosse o Renato Maurício Prado falando isso não me surpreenderia, mas vindo dele me decepcionou essa imparcialidade.
ResponderExcluirO também flamenguista Mauro Cezar Pereira precisa dar umas aulas de imparcialidade para o rapaz.