Só que desta vez essa eleição pode ter alguma relevância para o cenário mais amplo: se Serra disputar e vencer as eleições para a prefeitura paulistana ficará fora das eleições de 2014. Ao menos que seja muitíssimo cara de pau. Afinal, em 2004 se elegeu assinando até documento se comprometendo a ficar até o fim, mas rasgou a promessa para se candidatar ao governo paulista 2 anos depois. Se for candidato agora terá de jurar um trilhão de vezes que desta vez não vai sair, e ficará horrorosamente mal se isso acontecer.
Os tucanos do Oiapoque ao Chuí rezam por essa candidatura. A verdade é que ninguém mais aguenta Serra dentro do partido. Sua liderança é autoritária, e utiliza métodos que incluem chantagem e intimidação. Não aceita nenhuma crítica de ninguém, nem opositores, os quais ataca com violência absurda. Assim, se disputar a eleição e vencer, todos julgam que ficarão livres dele, já que só poderia se candidatar a presidente em 2018, quando já terá 76 anos e talvez nem seja um candidato viável.
A grande verdade é que Serra foi absolutamente danoso para o PSDB. Se eu fosse tucano odiaria ele profundamente. Suas candidaturas presidenciais não buscaram defender seu partido, mas apenas seus projetos pessoais. Em 2002 escondeu FHC, seu grande aliado, temendo que a baixa popularidade do então presidente o contaminasse. Em 2010 tentou até se mostrar como o que melhor continuaria o maravilhoso governo de Lula, depois partiu para o ataque mais baixo contra a rival e terminou fazendo uma demagogia absurda, propondo coisas que jamais faria, como aumentar muito o salário mínimo. Em suma, nessas eleições pensou apenas nele, e não em seu partido. E os tucanos sentiram isso.
O PSDB sabe que terá uma situação complicada em 2014. Até agora Dilma tem conseguido manter altos níveis de popularidade, apesar dos ataques diários da imprensa. Aécio Neves, eleito como novo chefe do partido, tem adotado uma estratégia que não ajuda muito. Procura manter diálogo com os governistas, evitando o confronto, para tentar atrair setores da aliança governista para seu lado em 2014, caso a reeleição de Dilma esteja ameaçada. Mas como até agora Dilma vai bem, essa estratégia significou que o partido não confronta o governo e nem atrai os aliados dele.
Mas o partido não importa. Seja Alckmin ou Aécio o candidato em 2014, o que ninguém quer é Serra. Que deve ganhar as eleições paulistanas, já que o eleitor de lá não parece disposto a mudar, gosta de Serra e Lula está longe de ser muito popular na paulicéia, o que dificulta a tentativa de eleger um poste. Pra fechar o quadro, Serra terá toda a máquina estadual e municipal à sua disposição. É favoritíssimo. Se sua vitória se consolidar, é provável que o Brasil e o PSDB se livrem de vez desse nefasto. Apenas os paulistanos terão de o aturar, mas sem reclamar, já que por escolha própria.
Os paulistas vivem num universo paralelo. Como os portenhos, são capazes de votar num demagogo vendilhão só para mostrar sua pirraça com o governo federal.
ResponderExcluirAh, e ao abdicar da presidência, Serra está pondo uma pá de cal nas pretensões tucanas para 2014. A não ser, é claro, que um escândalo de proporções bíblicas atinja o governo Dilma. Algo tipo mensalão-esquema PC juntos.
Porque dizer que o Aécio Neves tem postura de estadista e apoio nacional para sua candidatura é passaporte para o sanatório...
Veremos mais movimentos como o "Cansei", marchas "pela Família" e coisas do gênero.
Não vou generalizar e dizer que todo mundo em São Paulo é reacionário, elitista, conservador e anti-nordestino. Tem muita gente de fora morando lá :-D
Fala assim, não Tiago! Eu, e muitos camaradas não temos culpa da maioria dos nossos conterrâneos serem reacionários. Estamos lutando para mudar isso, pouco à pouco.
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