O Brasil vive uma situação muito semelhante à de outros países latino-americanos. Um governo não-liberal, eleito dentro das normas democráticas, bastante popular mas execrado pela imprensa. Entenda: não estou aqui endossando aquela imagem do "tadinho do Lula, vítima do preconceito da mídia". Nem sou eleitor do PT, ainda que por vezes vote neles nos segundos turnos. Apenas observo algo que não dá para contestar. É um fato.
Aí eu penso no seguinte. Jornalistas e pessoas ligadas à mídia em geral têm pânico de qualquer forma de intervenção externa em seu trabalho. Dizem eles que isso tolhe a liberdade de pensamento e abre espaço para a censura. Reafirmam que nada melhor do que a auto-regulação e a saudável competição de mercado. Cada um ofereça seu produto à população e ela escolhe. O bom e velho capitalismo.
Mas é isso o que vemos na prática? Bem, todos os veículos líderes de segmento da mídia brasileira atacam ferozmente o governo. Isso não tem nada a ver com mercado. A população brasileira votou três vezes seguidas para eleger o lulo-petismo. Lula é o presidente mais amado da história do Brasil. Apesar de atacada, Dilma mantém um nível muito alto de aprovação.
Logo, as Vejas, Globos e Folhas que atacam o governo não o fazem para atrair a população, que simplesmente não aceita esse argumento, e demonstrou isso enfaticamente em todas as eleições recentes. É óbvio que não está acontecendo competição nenhuma. Todos estão oferecendo o mesmo, e pensam unica e exclusivamente em sua própria agenda, e não estão levando o gosto dos consumidores em conta.
Agora me diga aí: isso é capitalismo? Que raio de livre-concorrência é essa em que todos são obrigados a escolher entre veículos que dizem a mesma coisa, uma coisa que não é o que a maioria quer ouvir?
A questão é a seguinte. A mídia não acha que as regras do capitalismo valem para ela. Festejam quando o capital estrangeiro entra em todos os ramos da atividade econômica, mas não permitem que isso ocorra no mundo da imprensa. Afinal, as comunicações são estratégicas. Ao contrário do petróleo, da siderurgia, da telefonia, etc., né?
Isso também vale para a questão da regulação. Ninguém quer censurar ninguém. Quer apenas que haja regras. Todos os ramos da atividade econômica tem regras. Imagine se o curso de história da minha universidade resolve ensinar apenas coisas que os alunos não vão precisar depois que se formarem. Tudo bem? "deixa o mercado cuidar disso"? Claro que não. Ninguém concordaria com isso. Nós temos regras a seguir. Todos têm. Menos a imprensa. Para ela, eu, como professor, ter regras a seguir, é o normal. Eles terem regras é censura. Faz sentido, né?
Como sempre digo, amigo: capitalismo nos olhos dos outros é uma delícia!
Vou ter que ler mais umas vezes isso aqui... E pensar um pouco...
ResponderExcluiracho que isso que vc chama de “oferecer o mesmo” é compreensível sim numa visão capitalista, mas não tem nada a ver com a tão sonhada liberdade de expressão! pq se oferecerem uma visão diferente da que estamos acostumados a ver, posicionando-se a favor do governo, ninguém vai se interessar. E ainda vamos dizer que aquele meio de comunicação foi “comprado” e não se pode confiar. Sabe aquela história de que ser oposição é sempre estar do lado certo aqui no Brasil? “Nem sei do que ceis tão falano, mas sô contra!"
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