sábado, 18 de fevereiro de 2012

Luis Alberto Spinetta, 1950-2012



Amo rock. Amo a Argentina. E detesto rock argentino. É um país que gosta muito do gênero, e o produz em grande quantidade. Mas a meu ver, com péssima qualidade. Não suporto aqueles vocais caretas, aquela cadência melosa, aquela montanha de teclados... É um suplício quando os amigos argentinos colocam aquelas bandas chatas e eu tenho de fingir que gosto, por achar que pode não cair bem um gringo falar mal da música deles.
O tal do Charly Garcia então... acho absolutamente insuportável. O Seru Giran, banda em que Garcia tocou, e que é vista pelos meus amigos argentinos como o supra sumo do rock deles, me parece uma chatice sem tamanho. Escutei um milhão de vezes o mais famoso rockeiro argentino em todas as suas fases. Me parece intragável.
Claro que há honrosas exceções. Gosto muito da fase em que Miguel Cantillo cantava com o Grupo Sur, embora depois sua carreira tenha sido decepcionante. Os porraloucas do Arco Íris também fizeram coisas boas, principalmente na fase em que eram comandados por Gustavo Santaolalla. Mas o grande nome do rock hermano para mim é Luís Alberto Spinetta, que morreu de câncer semana passada.
Spinetta teve bons momentos em diversas bandas, como Almendra e Invisible, bem como em sia carreira solo. Mas sua grande fase foi no Pescado Rabioso, na primeira metade dos anos 1970. Artaud, de 1973, talvez seja o melhor disco do rock argentino (na verdade um álbum solo de Spinetta, com o nome da banda sendo usado por questões meramente contratuais).
Claro que o Pescado Rabioso enfrentou um problema muito semelhante à outras boas bandas de rock latino-americanas daquele tempo. A saber, por diversos momentos soar como versões inferiores das grandes bandas inglesas e norte-americanas daquele tempo.
De fato essa geração de rockeiros latino-americanos se defrontou com uma situação muito complicada. Os originais do mundo anglo-saxônico eram verdadeiramente excepcionais, e igualá-los seria uma tarefa quase impossível. O resultado é que a maioria das bandas do nosso continente naquele momento realmente soavam como uma pálida tentativa de repetir a obra monumental do modelo original. Mas umas poucas bandas, as melhores, conseguiram fazer coisas muito boas, ainda que sem superar os gigantes da época. E o Pescado Rabioso sem dúvida foi uma delas.







Um comentário:

  1. Não ouvi nada demais, um toquezinho de jazz bem chinfrim, pouco rock'n'roll. Você devia prestar atenção no "La maquina de hacer pajaros" , a melhor banda em que Charly Garcia tocou, a melhor banda de rock argentino de todos os tempos!
    ASS Iconoclast

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