O chato são as malas com aquela pregação insuportável sobre o programa. Aquela intolerável carência que tanta gente tem, de querer posar como cidadão consciente em um mundo de alienados, como luz da inteligência em um universo de idiotas. Aí fazem a maior pose e dizem tolices tipo "o sucesso do BBB prova a indigência da educação brasileira". Bem, então favor explicar porque o programa foi criado na Holanda e é sucesso no mundo todo, desenvolvido ou não.
A enorme repercussão do comentário do jornalista Carlos Nascimento ("já fomos mais inteligentes", provavelmente se referindo ao mítico período pré-BBB e Luíza, quando o mundo era muito mais legal do que hoje) botou fogo nesse pessoal. Meu facebook foi inundado de tolices sobre a decadência cultural, etc.
Então vamos lá, minha gente. O discurso da "decadência cultural" sempre foi um patrimônio da direita. Por uma razão muito simples. O que está implícito é: há 500 anos havia Leonardo da Vinci, há 250 havia Beethoven e hoje hé BBB e Luíza. Ora, o grau de elitismo presente nessa tese é absurdo. Quantas pessoas tinham acesso às pinturas de Da Vinci ou às composições de Beethoven? Dane-se, o que importa é que nós, a elite, nos diferenciávamos muito facilmente daquela massa de camponeses ignaros. Só nós sabiamos ler, tinhamos nossas roupas e ficávamos em circuitos elegantes apreciando obras que os ignorantes nem sabiam existir.
Ou seja, o discurso da "decadência cultural" é um discurso da "diferenciação de classe". Antes só os de "bom gosto" (leia-se "a elite") podiam falar, o que fazia com que a cultura fosse de alto nível. Hoje essa pobraiada imunda pode falar a vontade, tem orkut, aí olha só o resultado: BBB e Luíza. Bleargh! Que gentinha!
É fácil notar porque esse discurso é tão de direita. Presume que o mundo se divide entre uma elite culta, e que por isso pode falar à vontade, e um bando de gente ignorante, aos quais só cabe ficar quieto a admirar seus superiores. Um raciocínio que tinha sua validade na Idade Média. No século XXI é ridículo. Principalmente na boca de pessoas que fingem ser questionadoras mas nada mais são do que um bando de autoritários que querem decidir do que os outros devem gostar, já que eles são ignorantes demais para fazer suas próprias escolhas.
Aplausos! Ai ai... Adorno e essa alta cultura...
ResponderExcluirEsse texto merece uma placa!
ResponderExcluirPor isso eu me pergunto...O que leva alguém genial se esconder por tas da timidez humana? Simplesmente porque ele sabe quem ele realmente é, e isso só, para ele já basta!...Professor lhe admiro muito profissionalmente e como pessoa. São ideais como os seus que ensino aos meu filhos, espero que eles aprendam e se tornem adultos assim como o senhor. Saúde e sucesso pra o senhor e sua família. PS:Nunca deixe de opinar adoro seus comentário são logico e divertidos.
ResponderExcluirna verdade este discurso é tanto da direita como da esquerda e com a mesma intenção: acabar com o prazer. A direita acha que o trabalhador deve trabalhar igual um camelo e a diversão só é permitida esporadicamente (férias, feriado) já que o trabalho dignifica e é a salvação. Mas este tipo de discurso também é da esquerda que também acha que a salvação da televisão está em ter mais programas de cidadanias (que ninguém tem saco para assistir), menos novela, menos jogos de futebol e menos bbb... seu discurso visa combater a alienação... já que admitir prazer seria algo grosseiro, consumista e reacionário... Portanto, neste sentido a esquerda ajuda a hastear a bandeira da direita...
ResponderExcluirEu concordo amplamente contigo Tiago, o que é sempre muito obvio em alguns momentos já que vc foi meu professor, mas a parte isso... Só da para concordar! E sim, BBB eu não assisto, então evito comentar, mas a Luíza aaaahhh... eu confesso que tenho um grupo de amigos que aderiu a essa mania e como eu me diverti com ela, quem dera ela ficasse mais tempo no Canadá!!! kkkkkkkk...
ResponderExcluirTalvez já fomos mais inteligentes no sentido de não nos afugentarmos tanto em coisas tão futeis para não precisar encarar os problemas, estamos cada vez mais nos contentando com as sombras para não precisar encarar a dinâmica das cores, parafraseando Platão.
ResponderExcluirJá fomos mais corajosos!
Entendi a frase desse jornalista desta maneira!