quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sem Marina...

O TSE negou o recurso da Rede Sustentabilidade, deixando Marina Silva sem sua legenda para concorrer nas próximas eleições. O fato é muito sério e merece exame. Para começar: não tenho formação jurídica e não tenho como comentar a decisão. E não acho que o Judiciário seja obrigado a decidir a favor do que eu penso. Acho que eles têm de cumprir seu dever, e pronto. Ficar desmerecendo decisões judiciais me parece anti-democrático, ainda mais em se tratando de quem não sabe do que está falando. Então nessa discussão, como na do mensalão, eu não vou entrar. O que eu posso ver é o seguinte: sem Marina Silva, as eleições de 2014 ficam muito mais previsíveis. Afinal, ela se apresentava como o "novo na política", aquele "novo" que não se definia, que não dizia nada, e exatamente por isso tinha toda a chance de atrair o voto dos "indignados", dos que estão "contra isso tudo o que está aí". Essa raiva difusa dos políticos poderia fazer Marina causar problemas para Dilma, ainda mais se ela seguisse sendo a grande canalizadora dos votos evangélicos que foi no primeiro turno de 2010. Marina ficou num beco sem saída. Ela só tinha chance de disputar a presidência por vender a imagem de outsider, alguém que estava fora do sistema político, por mais absurdo que isso pudesse soar. Sem sua "rede", não há muito o que fazer em relação ao ano que vem. Se filiar a um dos partidos existentes seria negar toda a imagem cuidadosamente construída. Então a opção ficou para 2018. O novo cenário beneficia Dilma tremendamente. Marina era a única com chance de surfar na onda moralista dos indignados. A única que poderia capitalizar os protestos do meio do ano. A única que tinha chance de atingir os que querem "algo novo". Sem ela, a situação ficou bastante previsível. O que sempre beneficia um governo com altos graus de aprovação. Analisemos as opções concretas à Dilma. Aécio Neves não tem ideias, projetos ou projeção nacional. Repete um argumento vagamente liberal, sem delinear o que faria para transformar o Brasil em um país melhor do que é hoje. Pelo simples fato de que não tem ideia de como fazer isso. Situação que fica ainda pior quando pensamos que é filiado a um partido, o PSDB, que não consegue decidir quem é. A outra opção é Eduardo Campos. Seu projeto é claro: ser o "nem PT nem PSDB". Aposta no cansaço do eleitor em relação à polarização que define o cenário político nacional há 20 anos. Em tese não é uma ideia ruim. Ainda mais porque é alguém que foi da base governista mas adota um discurso liberal, exatamente pensando em roubar votos dos dois lados. Mas sem Marina, a tendencia para a polarização PT-PSDB se manter ficou enorme. Dificilmente um político desconhecido e com tão pouco tempo de TV poderá romper com essa tendência. A história nos ensina que a política é um campo em que as coisas mudam muito rápido. Assim, qualquer previsão pode ser desmentida em 15 minutos. Mas no cenário atual, tudo aponta para a reeleição de Dilma. A impossibilidade da candidatura Marina Silva parece sacramentar o fato. Independente do que pensemos a respeito.

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