terça-feira, 14 de agosto de 2012

Bipolaridade Brazuca


Não vi a festa de encerramento das Olimpíadas, mas pelo twitter acompanhei a repercussão. Basicamente havia dois tipos de opinião. A primeira achava tudo lindo e maravilhoso, exceto quanto à parte brasileira, deplorada por ser cheia de clichês. O outro lado atacava o primeiro, os chamando de um bando de vira-latas que odeiam o Brasil e acham tudo no estrangeiro é maravilhoso.
Essas visões radicalmente opostas no fundo partem de um mesmo pressuposto: o de que o Brasil está destinado a ser o melhor país do mundo. Você conhece o papo: um país enorme, sem desastres naturais, que em se plantando tudo dá, uma população racialmente variada, natureza maravilhosa, etc. etc.
O primeiro grupo, o do complexo de vira-latas, nada mais é do que um bando de gente que comprou esse discurso, mas não viu sua realização prática. Aí passa a achar tudo aqui uma porcaria, e por comparaçao todos os os outros do mundo parecem legais. O segundo grupo, claro, acha que o Brasil é essa beleza mesmo.
No fundo os dois lados são filhos da mesma megalomania que nos caracteriza de forma tão intensa. Temos a total obrigação de ser os melhores do mundo. Se não conseguimos, assumimos instantaneamente que somos os piores. Somos os melhores no futebol, na música, nas praias, na beleza feminina, etc. Somos os piores em política, educação corrupção, etc. Não podemos ser os 23o, 78o ou 112o. Temos de ser os melhores ou os piores. Megalomania pura.
Acho que o grande erro é pensarmos que somos um país predestinado a ser gigantes. Deveríamos nos ver como um entre 200 países do mundo. Todos tem potencial para alguma coisa e dificuldades em outras. Somos realmente bons em muitas coisas, mas há dezenas de outros países que são bons nessas mesmas coisas. Qualquer coisa que você pensar que o Brasil é ruim, certamente encontrará outro que é bem pior no mesmo quesito.
É estranho, pois não temos esse grau de exigência nem sobre nós mesmos. Jamais esperaríamos ser os melhores do mundo em tudo, e se não conseguíssemos, não nos acharíamos um lixo. Aceitamos de forma passavelmente tranquila que somos bons em algumas coisas, medianos em outras, ruins em outras. Não somos os melhores do mundo em nada, nem os piores em nada. Qual o problema em ver o nosso país da mesma maneira?

2 comentários:

  1. [b]Antes só que mal acompanhados [/b]

    "Acho que o grande erro é pensarmos que somos um país predestinado a ser gigantes."

    Esse pensamento brasileiro sobre a predestinação vem desde Varnhagem e sua teoria da colonização portuguesa, característica do novo mundo?

    Não sei do pensamento norte americano (bush e woodstock) ou mexicano ou argentino ou venezuelano, mas náo parece que estamos pensando assim sozinhos, e isso não é um conforto.

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  2. Confortável é manter o patrocínio

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