segunda-feira, 30 de julho de 2012
O Voto Nulo
Claro que o voto nulo é uma opção disponível, e não há nada errado em utilizá-lo. Uma vez eu utilizei. E imagino quantos paulistanos não devem estar analisando com carinho a hipótese no caso de um segundo turno entre José Serra e Celso Russomano. Mas na verdade essa é a única situação em que eu acho válido o voto nulo: num segundo turno entre dois candidatos que você julgue intragáveis.
Mas não é assim. Tenho notado muita gente disposta a votar nulo. Elas geralmente se dividem em dois grupos. Um é formado por pessoas apolíticas, que se identificam com gente tipo Boris Casoy ou Marcelo Tas. É o tipo de gente que AMA votar em políticos moralistas, tipo Jânio Quadros ou Collor. Para eles, a política é "suja", o que nada mais é do que o reflexo de um mundo moderno que esqueceu todos os seus valores. Quando não aparece um candidato com esse perfil, se inclinam para o voto nulo.
Um outro tipo é bem diferente na forma e bem semelhante no conteúdo em relação ao anterior. Tem um vago discurso esquerdista, mas de tom moralista. Não quer ser confundido com a esquerda tradicional, que julga "falida". Se sente mais a vontade apoiando demandas setoriais, como movimentos gay, ambientalista, etc. Muitos se definem como "libertários" ou algo tão vago e genérico quanto. Adoram dizer, com cara de nojo, coisas tipo "os partidos não me representam". Claro está: o tom contém o mesmo moralismo conservador do grupo anterior. Aliás, em geral essas pessoas são jovens, e a idade os levará para o mundo encantado do moralismo direitista.
Vejo três motivos para duvidar seriamente da eficácia do voto nulo até como protesto:
1) A mais óbvia: o voto é a grande (ainda que não única) oportunidade que termos de intervir nesse universo. Por mais que os políticos nos decepcionem insistentemente, só mesmo alguém muito alienado para achar que todos são iguais. E essas pessoas parecem não perceber um desdobramento de sua atitude. Essa recusa da política é curiosa, já que essas pessoas passam a vida falando mal de político. Ora, se na única hora em que podem escolher os que nos governarão se recusam, então porque diabos se sentem autorizados a reclamar dos que estão lá? Amigo, seu silêncio ajudou a eleger eles. A culpa é sua também!
2) Não há nenhum candidato que te encante, que defenda o que você quer? Pode até ser que não haja mesmo, é possível. Mas se lembre: o voto é essencialmente um recado do eleitor. Muitas vezes em quem você NÃO vota é tão relevante como em quem você vota. Por exemplo, passei a votar sistematicamente no PSTU a partir de 2002. Não sentia afinidade com o partido. Mas quando vi que o PT havia assumido definitivamente a postura "oba, a esquerda vai ser obrigada a votar na gente de qualquer jeito, então podemos vender a alma para agradar a direita" me senti obrigado a dizer "aqui não, Lula, o meu voto vocês perderam. Há limites para essa guinada centrista de vocês!". Tudo bem, não foram muitos a assumirem essa postura. Mas eu fiz a minha parte. Tenho certeza que se a maioria da esquerda fizesse o mesmo que eu ao invés de entrar nessa de "vou dar as mãos ao Sarney, ao Collor, ao Maluf e ao Edir Macedo, pois um governo tucano seria pior ainda", esse governo seria outra coisa.
3) Quem vota nulo em primeiro turno não se dá conta de como isso soa arrogante e pretensioso. A pessoa está dizendo "NENHUM me serve!". Amigo, vou te falar uma coisa. Mesmo numa cidade pequena há centenas de candidatos a vereador. Numa grande capital, como a que moro, há bem uns 10 candidatos a prefeito e centenas de candidatos a vereador. Sinceramente: se NENHUM deles te serve, eu diria que o problema é seu, não deles. Abandone essa megalomania infantil e vá se informar. Alguma coisa que preste você acha, pode ter certeza.
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Ainda bem que quase ninguém lê essa merda. Texto bobo, ignorante e infantil. O autor deve ser um moralista.
ResponderExcluirHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHAH, adoro quando alguém finge que é débil mental pra tentar me tirar do sério hahahaha. Muito bom
ExcluirTem também o pessoal que diz "Se mais de 50% votar nulo, tem que ter outra eleição com outros candidatos". Essa é, na verdade, a "desculpa" que mais ouço de quem vota nulo.
ResponderExcluirOutra ignorancia do caralho, nao é verdade. E o que adiantaria, os outros candidatos seriam assim tão melhores que os que estão ai?
ExcluirDe acordo.
ExcluirEu nunca votei nulo... já deixei de votar (justifiquei pq estava fora do meu distrito eleitoral), mas não gosto. Eu sempre procuro participar. Agora meu foco é no Psol pelo mesmo motivo que o seu.
ResponderExcluirPois é... eu nunca votei nulo. Sempre fiz questão de exercer o meu direito ao voto e pretendo continuar assim. Nessas eleições voto PSOL e PC do B pelas mesmas razões que vc. Mas considero que em questões extremas o voto nulo poderá ser uma opção. Mas prefiro reviver a cada eleição, a sensação maravilhosa de ir buscar meu título de eleitor e votar pela primeira vez, sabendo que minha opinião é importante para o lugar aonde eu vivo.
ResponderExcluirPC do B? O partido que se alia ao PP do Mauluf em PoA? NOT.
ResponderExcluirCompartilho da posição do autor sobre o voto nulo.
Ser governo estadual e federal é obrigatoriamente ser um governo distante do povo, é de uma pretensão imensa querer governar tantos súditos num império falido.
ResponderExcluirMegalomania, no caso, é acreditar e autorizar que um governo tão distante possa influenciar diretamente na nossa vida, esse tipo de poder, o poder centralizado não merece crédito de/para ninguém.
Se o brasileiro é só uma idéia, o mineiro é só uma idéia, então pra que votar em alguém que governa através dessa idéia de nação individualista, imperialista e dominante?
O povo não entra na política pela distancia que se sente do poder, mais autonomia, muito mais autonomia e associações de bairros, por exemplo, seria uma boa tentativa de aproximação.
No mais, em minha cidade há três candidatos a prefeito, sinceramente, vista o histórico, nenhum deles vai melhorar ou mudar metade do que precisa, nem vai propor. Nem projetos tem.
Os vereadores, pode ter algum realmente interessado e capaz, mas daí a acreditar, achar e acompanhá-lo, visto que a lei não me garante seu bom trabalho, é outra história!
Meu Deus, Tiago, tá difícil, tá difícil...
ResponderExcluirMoralista é dose, né? O cara que escreveu esse comentário aí é quem não sabe distinguir moral de política, ou acredita que a política é uma atividade moralizadora. Pensar assim é estar no Brasil dos anos cinquenta!!
Votar nulo NÃO é protesto contra nada. É omissão, pura e simples. E total desconhecimento sobre o funcionamento do sistema eleitoral. Votos nulos não são contabilizados como votos válidos, e as regras eleitorais se baseiam nos votos válidos. Quem acredita que está tirando legitimidade do "sistema" ou da "política" age de forma tola, porque está simplesmente se omitindo, se considerando "puro" diante da "sujeira" da política.
No fim das contas, é postura totalmente anti-democrática.
Uma postura do tipo me parece que se desconhece ao menos a base da constituição, no que se refere ás leis eleitorais. Para as pessoas é muito chato ter que procurar, analisar candidatos, propostas, trajetória politica, pensamento... Trata o voto nulo como a salvação, uma resposta que não é prática, me parece inútil utiliza-la como um "Protesto contra a situação política da nossa nação".
ResponderExcluirNo mais, parabéns pelo ótimo trabalho no Futebol Portenho, abraços!!!