quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Revolução dos Cravos


Não entendo por que tantos brasileiros têm raiva de Portugal. Deve ser porque acham que a culpa de o Brasil não ter virado uma potência mundial é da colonização portuguesa. Eu não concordo nem um pouco com isso. Acho que Portugal fez com o Brasil apenas o que estava dentro do colonialismo daquela época. Os EUA não valem como parâmetro, pois as duas histórias são tão absurdamente diferentes desde o começo que a comparação que tanto se gosta de fazer fica ridícula.
Também acho esdrúxulo o argumento de "abrimos as portas para os imigrantes portugueses e agora eles fecham as portas para nós". Ora, o Brasil não aceitou os portugueses porque somos bonzinhos. Os aceitamos porque nossa elite queria entupir o país de brancos que fizessem os trabalhos menos remunerados. Tanto que enquanto abriam as portas para a imigração européia impediam negros e chineses de chegar. Não houve nenhuma generosidade nossa aí.
E francamente, será mesmo que os brasileiros acham que um país pequeno e nem tão rico assim daria conta de absorver uma enorme onda migratória e ainda bancar educação, saúde e demais direitos sociais a eles? Era o que se afigurava nos anos 90, e de fato os portugueses nada mais fizeram que fazer uma escolha baseado no que era bom para eles, exatamente como o Brasil havia feito 100 anos antes.
(E por favor, sem essa de "os imigrantes brasileiros não são bem tratados em Portugal". Os imigrantes portugueses quando vinham pra cá na grande onda migratória sofriam tanto ou mais)
Nunca fui a Portugal, mas tenho uma enorme simpatia. No mínimo porque é uma das nossas origens. Assim como olho para a África e para os indígenas como parte da minha origem, tenho o mesmo olhar para os portugueses. Não adianta não gostar. É de onde viemos. Sem essa gente não vamos saber quem somos. Meu sangue é majoritariamente português, e nada vai mudar isso. Sou um luso-brasileiro e me orgulho disso.
E há exatamente 38 anos os portugueses protagonizaram a última violenta transformação histórica do planeta da qual eu posso falar com alegria: a Revolução dos Cravos. Portugal aguentava uma ditadura retrógrada, patética e àquela altura completamente fossilizada. Em pleno 1974 ainda mantinha colônias na África com o argumento de que ser colonizado por portugueses era um prazer (nosso genial Gilberto Freyre ajudou a criar e justificar o argumento, por sinal). Portugal naquele momento passava vergonha em uma Europa Ocidental que avançava e onde o Imperialismo já era passado.
Naquele 25 de abril os portugueses fizeram história. Saíram às ruas e colocaram fim a um regime decrépito, para logo em seguida pôr fim ao absurdo imperialismo. A Revolução dos Cravos foi um episódio sensacional, um dos que mais me agrada no século XX. E como disse, o último grande evento do qual falo com alegria. Valeu Portugal!

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