Muita gente comemorou a prisão de alguns dos principais envolvidos no chamado "mensalão". Se me perguntarem o que acho disso, minha resposta é: depende do que você está comemorando.
Se estamos comemorando o fato de pessoas envolvidas em ilegalidades serem presas, ok, nada a discutir. Não entendo lhufas de direito nem conheço o caso a fundo, mas tudo indica que eles eram culpados mesmo. Discutir isso é tolice.
Mas para por aí. Fora isso, não há nada a comemorar. Vi gente feliz achando que a indignação gerada pelo episódio indica algo como uma "tomada de consciência" da sociedade brasileira. Tolice. 99% das pessoas "indignadas" não passam de oposicionistas que estão se lixando para as roubalheiras de seu próprio partido. Ficam desesperados querendo a condenação dos mensaleiros, mas rezam para que ninguém fale nada sobre privataria, propinoduto e mensalão mineiro. Oportunismo puro. E tenho certeza de que 99% dos apoiadores do governo adotaria a mesma atitude numa situação inversa. Então esqueça: somos a mesma merda de sempre.
Também ouvi gente falando que a condenação mudaria o jeito de fazer política no Brasil. Aí, meu velho, o grau de ingenuidade atinge níveis estratosféricos. Significa que a pessoa não tem a mais vaga ideia de como funcionam as relações governo-congresso neste país.
Comecemos pelo seguinte. Nós, latino-americanos, temos uma visão extremamente personalista da política. Assim, achamos que presidentes, governadores e prefeitos são tudo o que importa. Nas eleições legislativas, votamos de qualquer jeito. Desafio qualquer quarentão a lembrar todos os seus votos em eleições parlamentares. Na verdade, sequer nos damos ao trabalho de tentar entender como funciona o sistema proporcional de escolha dos legisladores. Em suma: votamos de qualquer jeito.
Votando de qualquer jeito, elegemos todo o tipo de porcaria para o congresso. E como nem prestamos atenção no que eles fazem, os caras ficam livres. Uns dois terços dos deputados não tem ideologia ou projetos. Só quer levar algo em troca de apoiar o governo, seja ele qual for. Vale dizer: TODOS os governos pós-ditadura compraram maioria no congresso. TODOS. E não é porque sejam malvados. Simplesmente não havia opção.
Então é o seguinte: super válido comemorar o fato de os caras irem em cana. Mas se a gente não entender a importância do voto para deputado, estaremos produzindo uma infinidade de mensalões. O fim desse tipo de coisa não depende nem do STF nem de quem está no governo. Depende do nosso voto.
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