quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Meus alunos

Ser professor não é fácil.Dá trabalho. A profissão faz a gente suar. Mais que isso. Significa passar a vida lidando com gente que não entende o que você quer dizer, gente que acha que uma coisa que você disse quis dizer outra. Acontece mesmo. Faz parte. E a gente tem de entender. Pode ser que no lugar deles a gente tivesse entendido a mesma coisa.

O instinto de sobrevivência me diz que eu jamais deveria chegar perto dos meus alunos. Eu deveria dar minhas aulas e ir embora correndo. De fato há razão nisso. Nesses tantos anos de profissão eu cansei de ser odiado por ter permitido aproximação de alunos. Não vou mentir. Até porrada tomei. De um aluno que tinha problemas dele e os projetou em mim.

Mas se eu tivesse seguido esse instinto de sobrevivência não teria os amigos que tenho hoje. Meu compadre Rafael, que me deu o filho dele para eu batizar. Meu amigo Vitório, meu afilhado de casamento. A Luana, que me recebeu em sua casa na Itália. Márcia, que agora me espera para me ver em seu casamento. Tantos amigos como eles, que um dia foram meus alunos, e hoje estão muito próximos a mim, simplesmente porque nunca acreditei nessa coisa da distância aluno-professor.

Racionalmente eu devia ter seguido a lei do "professor deve se manter longe do aluno". Eu teria poupado muitos aborrecimentos. Mas também não poderia estar aqui explodindo de orgulho pelas pessoas que formei. Gente inteligente, guerreira e valente, que enfrenta todas as dificuldades da nossa área, mas consegue fazer a diferença, e sabe disso.

Em suma, ser professor universitário pode ser ruim. Mas no fim é a melhor coisa. Você conquista amigos eternos e ainda se infla de alegria por ter formado craques que vão fazer toda a diferença.

Obrigado, meus alunos. Vocês me fazem o tempo todo entender que minha profissão faz sentido.

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