Na noite de domingo me chamou a atenção a coincidência entre dois fatos bem diferentes mas que tratam de uma mesma questão.
No Brasil a tão discutida reportagem da Record sobre a relação entre a Veja e Carlinhos Cachoeira. Não importa o que voce pense sobre o assunto (eu mesmo acho que há indícios que merecem investigação, mas não estou convencido que nada tenha sido provado), o fato é que foi um duro golpe na credibilidade da mais importante revista semanal do Brasil.
Na Argentina, o jornalista Jorge Lanata, em seu programa de TV, passou 1 hora denunciando uns 20 perfis fake do twitter, mantidos por pessoas que seriam pagas (por quem?) para apoiar o governo. O assunto virou piada nacional e entrou na lista dos 10 tópicos mais comentados no planeta terra no twitter. Se é um absurdo termos 20 contas de twitter que só defendem o governo, o que falar das centenas de veículos que o atacam incessantemente (incluindo o canal 13, que veiculou o programa, pertencente ao Grupo Clarín, o maior do país, que ataca violentamente o governo 24 horas por dia)?
Temas diferentes, países diferentes, mas uma só problemática: a imensa dificuldade que a mídia tradicional tem demonstrado em lidar com o fato de que não está mais sozinha em campo.
O caso da relação Veja/bicheiro vinha sendo de tal maneira ignorado pela imprensa que a própria ombudsman da Folha de SP havia reclamado naquele mesmo domingo. Claro que não há nada provado, mas acusações com muito menos fundamentos haviam sido repercutidas com muito mais intensidade, inclusive, claro, pela própria Veja.
Naturalmente, assim como no caso do livro da Privataria Tucana, a imprensa tradicional se mostrou francamente incapaz de avaliar o poder dos veículos alternativos. Presa aos tempos em que era capaz de decidir o que chegaria ao conhecimento do público, acreditou, absurdamente, que bastaria ignorar um assunto para ele não ter repercussão.
A questão mais ampla aí é a seguinte. A imprensa tradicional historicamente gosta de se representar com um espaço plural e democrático, que reflete a ampla gama de pontos de vista existentes numa sociedade. Algo que evidentemente nunca foi. E nem poderia ser. Claro que sempre haverá um viés. Mas, contrariando o que pode haver de mais óbvio do mundo, no cotidiano do trabalho jornalístico termos como "neutralidade" são empregados amplamente e de forma não-problematizada.
Enquanto não tínhamos outra opção, tudo bem. A maioria acreditava em qualquer porcaria que lesse, enquanto os mais críticos tentavam filtrar de alguma maneiras as informações, o que era difícil, já que não dispúnhamos de visões alternativas.
Agora não. Qualquer idiota pode buscar pontos de vista opostos ao que lê no jornal ou vê na TV. O que é imensamente fortalecido por essa grande mídia se opor (quase) abertamente ao governo mais popular da história. Blogs e sites defendendo o governo explodiram nos últimos anos, vários dos quais tem uma popularidade gigantesca.
Já disse aqui: pra mim Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim e Carta Capital nada mais são que versões governistas dos veículos da grande imprensa. Defendem o governo com o mesmo descompromisso com a realidade que a grande imprensa que o ataca. Os veículos tradicionais caem em cima desse tipo de mídia. Dizem que eles só defendem um lado, e que todos os que vão lê-los é porque só querem ler alguém que confirme seu ponto de vista.
Só que o grande problema é o seguinte. A crítica seria interessante se não fosse baseado na premissa: "enquanto nós, da imprensa tradicional, somos neutros, imparciais e plurais, esses demagogos da internet só defendem um lado". Infelizmente pra eles não é dificil perceber que a premissa é absurda. E é cada dia mais fácil perceber isso.
Os portenhos tratam a CFK como judeus tratam Hitler (estes, com motivos).
ResponderExcluirMas votam em Macri, Ibarra, etc.
QUal é guru político social musical, cadê a bola na rede?
ResponderExcluirCoé mestre!
ResponderExcluirEstou sentindo falta dos seus ensinamentos.