Estou no time dos que acham o Brasil um dos principais candidatos ao título. Joga em casa, o time está definido tanto em termos de nomes como de forma de jogar, e há jogadores acima da média em todas as posições. A defesa é ótima e há Neymar. Há também pontos mais fracos, como a falta de criatividade no meio campo e as avenidas nas costas dos laterais. Mas problemas assim todo mundo tem. Não é o maior favorito, eu acho, mas está entre os principais, junto com Argentina, Alemanha e Espanha (Itália e Holanda um pouco atrás).
Uma coisa que me dá um certo medo é a falta de alternativas do time. Isso é uma característica histórica. A escola brasileira de técnicos tem essa linha: gosta de preparar o time dentro de um sistema de jogo, e o treina o quanto pode. Não se valoriza a preparação de alternativas. É só olhar o banco de reservas: o Brasil sempre vai pra copa com reservas que tem características parecidas com os titulares. Na hora de montar o elenco se pensa em ter jogadores que vão repor eventuais perdas, e não em nomes que possam mudar o jeito de jogar do time.
As duas últimas copas mostram isso. Em 2006 e 2010 o Brasil chegou muito forte na copa, mas naufragou pela falta de um plano B. Em 2006 vários dos melhores jogadores não corresponderam, e os reservas eram versões pioradas deles. Em 2010 a seleção começou claudicante, fez uma baita partida contra o Chile, mas contra a Holanda o barco afundou. O time fazia uma ótima partida mas de repente Julio Cesar falhou, o time se abateu, levou o segundo gol, Felipe Melo foi expulso. No banco estavam: Julio Batista, Nilmar e Grafite. Fazer o que?
Um contraponto está nos vizinhos platinos. Argentina e Uruguai chegam ao mundial com vários sistemas táticos e formas de jogo treinadas e testadas em jogos. As duas equipes tem suplentes capazes de mudar a característica das equipes. Nos dois casos acontece de voce olhar a escalação da equipe e não conseguir ter certeza de qual o sistema tático utilizado, já que há jogadores multifuncionais capazes de jogar em mais de uma posição. Postura que também tem seus problemas. Claro que se você treinar vários esquemas, vai treinar cada um menos do que o esquema da seleção que só treina um. E jogadores podem se confundir quando muda o sistema de jogo, por mais inteligente que sejam.
O Brasil tem um sistema de jogo bem definido, o 4-2-3-1. Os titulares estão definidos, os substitutos de cada um deles também. A forma de jogar nós conhecemos: marcação adiantada na tentativa de tomar a bola perto do gol e pegar a defesa mal posicionada. O problema é que esse sistema não funciona sempre. Tem time que se planta atrás, congestiona absurdamente o campo defensivo e não permite que o Brasil jogue dessa maneira. Foi assim no amistoso contra a Sérvia, por exemplo. E esse mesmo amistoso sugere fortemente que a seleção não sabe como resolver situações assim. Que devem acontecer: quantos times tentarão enfrentar o Brasil no pau a pau aqui dentro? Não é a toa que nossa atuação de gala foi contra a Espanha, time que sai para o jogo. Mas quantos outros jogarão assim?
Outro problema é que o caminho do Brasil depois da fase de grupos tende a ser dificilimo. A lógica é que sequencia seja algo como: Espanha ou Holanda nas oitavas; Inglaterra, Itália ou Uruguai nas quartas; França ou Alemanha na semifinal; Argentina, Espanha, Holanda, Itália, Inglaterra ou Uruguai na final. A seleção pode encarar quatro campeões mundiais na sequencia, um caminho bem mais complicado que o da Argentina, por exemplo. Assim, por mais que haja elementos para acreditar em título, devemos estar preparados para uma eventual eliminação até nas oitavas. Não será surpresa.
De toda forma, começo hoje minha nona copa do mundo. Nunca vi uma zebraça levar o título. Mas cansei de ver favoritos se estrepando e seleções que pareciam fora do páreo arrancarem surpreendentemente para o título. Tudo o que foi falado até agora (incluindo este post) meio que perde a validade quando a bola rolar. Copa sempre surpreende. É um dos elementos mais interessantes dessa que é a competição mais legal de todas as galáxias. E vai rolar em nosso país. Mal posso acreditar.
O mais competente elemento da seleção da Globo/CBF já entrou em campo: o apito amigo! E assim será pra conduzi-la à final, caso seja necessário!
ResponderExcluirO que me espantou foi precisar da arbitragem logo no primeiro jogo e contra uma seleção mediana como a Croácia! Como você colocou num post anterior, a seleção cebeefiana não tem variação tática e as alterações não modificam a forma de a equipe se distribuir em campo. Mas com a ajuda da arbitragem (um pênalti absurdo num momento em que os croatas eram melhores e o semideus da Globo, Neymarketing, estava apagado em campo) tudo se resolverá para os brasileiros!
Moisés Cesar