sábado, 26 de julho de 2014

Hamas: o espantalho da vez


Estamos vendo o acirramento dos conflitos em Israel. Tudo começou quando três jovens israelenses foram assassinados por palestinos. Atribuiu-se a culpa ao Hamas (hoje o próprio estado de Israel reconhece que não era verdade) e a escalada de violência começou. Neste sábado batemos a cifra de mil mortes palestinas. A maioria sem vínculos com terrorismo. Centenas eram crianças. Escolas e hospitais foram atacados pelas forças armadas israelenses.

Qualquer pessoa com coração se compadece com esses fatos, e com imagens como a que ilustra este post. Não é questão de ser de direita ou esquerda, palestino ou israelense, ou o que quer que seja. Centenas de crianças absolutamente inocentes foram mortas. É um desastre humanitário. Ponto final. Não há como negar isso. Independente das causas, do contexto, coisas que podem ser debatidas, emerge um dado inquestionável: os danos à população palestina são uma tragédia.

Mas incrivelmente aparece quem queira minimizar o fato avassalador de crianças e mais crianças estarem sendo assassinadas todo santo dia. O argumento: o Hamas também não é boa coisa, é um grupo terrorista, perigoso, que recruta crianças, que as usa como escudo humano, que quer destruir Israel, etc.

O argumento é super hiper mega falacioso, mas pode ser sedutor. Afinal, tudo o que está contido nele é verdade. Mas a questão é que ninguém que eu conheça ou tenha lido diz que o Hamas é legal, formada por gente boníssima. O argumento em questão seria ótimo se refutasse uma tese assim. Mas não é isso que estamos dizendo. Estamos compadecidos, amargurados, revoltados com a morte de centenas de crianças. Não estamos defendendo o Hamas. Nem dizendo que os palestinos são santos ou que os israelenses são demônios. Só achamos o fim do mundo esse assassinato em massa de crianças e de civis.

Mas aí é que está: o argumento em questão é imensamente traiçoeiro. Cria um monstro, ou um "espantalho", como se diz no estudo da Lógica. Algo ao qual identificar todos os que se opõem a seu argumento. Não está gostando do que vê? Ótimo, vá lá se abraçar com o Hamas, aqueles terroristas miseráveis. O argumento é totalmente falacioso (conhecido como "a falácia do espantalho") por isso: te joga nos braços de um monstro que você nunca defendeu. Não estamos defendendo o Hamas. Só queremos viver em um mundo sem genocídio e extermínio em massa de crianças e civis. É tão difícil entender isso?

Nenhum comentário:

Postar um comentário