segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mandela x Mandela x Mandela...


A morte de Nelson Mandela provocou uma onda de luto mundo afora. Ou ao menos no Brasil. Ou ao menos no meu facebook. Pelo que entendi, salvo um par de idiotas que a Veja mantém na sua folha de pagamento para gerar pageviews, comentários e compartilhamentos graças a seus textos patéticos, todo mundo parece amar Mandela e lamentar a sua morte.

É algo que merece reflexão. Com meus melhores professores da universidade aprendi algo que levarei pelo resto da vida: não existe unanimidade. No máximo existem falsas unanimidades. Que consistem em milhões de pessoas falando a mesma coisa, mas pensando em coisas totalmente diferentes. É exatamente o que vejo no caso em questão.

Meus amigos de direita estão tristes com a morte do Mandela. Que para eles é alguém que passou décadas na prisão de forma injusta (nem uma palavra sobre como ele foi parar lá) lutando por um valor que, teoricamente, deveria ser universal (a luta contra o racismo), e ao chegar ao poder promoveu uma grande conciliação entre brancos e negros. Como sabemos, a direita adora consensos. Para ela, Mandela é um herói consensual. Talvez seja por isso que não falam das suas controversas políticas de cunho neoliberal. Melhor ficar naquilo com que todos podem se identificar.

O Mandela pelo qual a esquerda chora é outro. É um líder armado de um povo oprimido por razões absurdas, vítima de um sistema de dominação, deplorado até o fim por gente como Reagan e Thatcher. E simpático a outros líderes da esquerda terceiro mundista, como Fidel Castro. O Mandela da esquerda não tem nada de conciliador, sendo muito mais um insurgente contra os privilégios.

Vou ser sincero: reconheço tranquilamente os dois Mandelas em questão. Ambos existiram. Simpatizo muito mais com o segundo, mas o primeiro não tem nada de falso, muito pelo contrário. O que nos lembra mais uma vez o mantra dos meus melhores professores: a unanimidade não é burra. Simplesmente porque ela não existe. Por mais que as aparências tendam a mostrar que sim, o mundo real grita que não.

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