sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A volta da ARENA


Ao menos nas redes sociais a possível volta da ARENA como partido político tem causado muito barulho. Mas sinceramente não acho que vá passar daí. Me parece que, ao menos a princípio, esse partido está destinado a fazer muito barulho e não conseguir nada.
Vejam bem: claro que há potencial para um partido assumidamente de direita. A oposição ao governo federal está cada dia mais perdida, o PSDB não sabe mais o que tentar, e é perfeitamente possível que em breve a oposição seja dominada por um discurso francamente reacionário. Quanto a isso não tenho dúvidas. Mas a questão é: essa nova ARENA tem chance de capitalizar esse tipo de voto? Duvido muitíssimo.
Sem querer brincar de futurologia, mas me parece que o futuro da oposição ao governo é algum tipo de discurso moralista, conservador, reacionário até, mas travestido de novidade. Algo como Daniel Coelho, segundo colocado nas eleições aqui do Recife este ano.Um sujeito que tinha um discurso bem parecido com o da UDN golpista dos anos 50/60 mas travestido de novidade. Ou seja: nada de "vamos fechar o congresso", mas sim "vamos criar um jeito novo de fazer política, sem essa roubalheira e essa troca de favores que estão aí". Para completar, um discurso vagamente ecológico, para dar um tom mais claro de novidade.
Acho que há um grande público carente de representantes assim. Gente que defende valores conservadores, que tem um discurso moralista, mas que possua um verniz "moderno". Afinal, no Brasil todos têm vergonha de se definirem como "de direita". Então uma direita que pareça uma renovação poderia cair muito bem. Em suma, estamos prontinhos para um novo Collor. Ao menos enquanto o governo mantiver a atual popularidade ninguém tem chance de desafiar Dilma em 2016. Mas um dia o rodízio de poder chegará, e acho que um tipo com essas características teria mais chance de chegar lá.
Só que essa ARENA nova não tem nada disso. Para começar, é liderada por uma moça que parece sequer saber do que está falando. Uma coisa é um discurso deliberadamente voltado para pessoas burras. Collor fez isso. Outra, bem diferente, é o discurso ser idiota por falta de opção. O primeiro exemplo tem chances de eficácia. O segundo não. Além disso, essa novidade está chamando muita atenção das pessoas que a odeiam. Não tenho notado essa nova ARENA causando qualquer comoção entre as pessoas mais conservadoras.
Mais importante, esse grupo ao que parece não tem um discurso coerente. É vagamente direitista, mas tem dificuldades em ir além da defesa da ditadura. Sei que no fundo muita gente sente falta da ditadura, inclusive gente que nem era nascida na época. Mas não vejo a possibilidade de que pessoas possam sair a rua motivadas por isso. Uma coisa é a saudade dos militares como parte de uma visão reacionária mais ampla. Outra, bem diferente, é ela ser um argumento central. Não cola.
Finalmente, não vejo possibilidades para nenhum projeto político que olhe para trás. Nenhum brasileiro tem qualquer razão para achar que o país já foi melhor do que é. Para não falar que brasileiros não são particularmente fãs de história. Me parece que o futuro da direita está justamente em mostrar que pode renovar o país. Prometer o retorno a 40 anos atrás não me parece muito promissor.
Em tempo, vale notar que nada impede que esse partido aos poucos vá ganhando uma outra cara e se viabilize. Mas do jeito que está agora, vai lutar para sair do traço nas eleições.

Um comentário:

  1. O pessimismo é a pior arma para os covardes, por isso, não faça discurso de PETRALHAS, O Brasil precisa de pessoas co atitude. O PT chegou ao poder e colocou em pratica maior máquina de corruptos já visto nesse e pensava que ficariam impunes, mas tentativas para isto não faltou. EM FRETE NOVA ARENA. O BRASIL É MAIOR QUE ESSES TRAVESTIDOS DE POLÍTICOS.

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