segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A nova onda de assassinatos israelenses


Pelo que vejo a nova onda de ações israelenses tem aborrecido bastante um monte de gente. É um tópico que merece reflexão.
Para começar, é importante que aceitemos que não há santos nessa história. Nada do universo pode justificar o terrorismo. Ações premeditadas que tiram a vida de civis sem dar a eles chance de defesa é algo indefensável.
Por outro lado, há muita coisa a ser sublinhada nessa história. Para começar, ninguém no mundo pode negar que estamos falando de uma luta muitíssimo desigual. Israel é infinitamente mais forte que os palestinos nos campos político, militar e diplomático. Não é um confronto entre iguais. Só isso já é um condicionante da maior importância.
Mas há mais. Se há um país que não tem a menor autoridade para condenar o terrorismo esse país é Israel. O país só existe porque os britânicos foram expulsos de lá porque acharam que não valia mais a pena lidar com o terrorismo judeu. Muitos dos nomes mais importantes e mais idolatrados da história de Israel foram terroristas. Por exemplo, Menachem Begin, primeiro ministro do país entre 1977 e 1983, mas que em 1947 havia coordenado um atentado que tirou a vida de 91 pessoas no Hotel King David em Jerusalém. E foi um dos maiores pilares da luta contra o terrorismo palestino. Hipocrisia pura: terrorismo israelense para obter o direito a um Estado pode. Mas os palestinos fazerem o mesmo, não pode. Por que?
Mas como disse, não há mocinhos nessa história. Israel só existe ainda hoje como Estado por ter conseguido se afirmar perante vizinhos hostis. Em 1948, 1956, 1967 e 1973 esses vizinhos tentaram destruir esse Estado. Essa situação, somada ao milênio de perseguições aos judeus, fez com que Israel tenha se fundado na ideia de que era indispensável para o país mostrar que não toleraria nenhum tipo de agressão, sob pena da própria extinção. E temos de aceitar isso: os israelenses negam aos palestinos o direito de existir como Estado, mas se os palestinos tivessem escolha, tampouco aceitariam que Israel existisse.
No fundo a questão que irrita o planeta terra, e com toda a razão, é o absurdo apoio incondicional dos EUA a Israel. A nação mais forte e potente do planeta se divide em todas as questões, menos nessa. A opinião pública norte americana é fortemente pró-israelense, e acha que o governo do país tem toda a liberdade de fazer o que quiser. Esse sim é um absurdo completo. Nenhuma nação no planeta tem essa carta branca.
Mas sabe o que mais me dói? É ver os judeus soltos pelo planeta defendendo qualquer política do governo de Israel, seja ela qual for. Sou brasileiro, amo o Brasil, mas não me sinto minimamente obrigado a defender as políticas de nenhum governo, inclusive o que está no poder, e que conta com meu apoio. Mas muitos judeus do mundo vêem isso de outra forma. Acham que matar civis desarmados é defender a existência do Estado de Israel.
Aí acontece o seguinte. Um amigo judeu italiano se tornou um ex-amigo depois que postei uma foto de mulheres e crianças palestinas mortas no facebook. Para ele eu ataquei Israel. Eu jamais atacaria esse país. Ataco as políticas de um governo. Como critiquei tantas políticas de todos os governos brasileiros que vi. Mas esse é o problema. Quando tantos judeus progressistas compram a ideia de que matar não israelenses é algo que significa a sobrevivência de Israel, é sinal de que há algo muito errado acontecendo. Quando judeus progressistas acham que matar mulheres e crianças é defender a sobrevivência de Israel a gente vê que o conflito está muito, mas muito longe do fim.

2 comentários:

  1. Que se explodam se estas forem suas vontades e sinas, espero que resolvam o melhor possível, mas to preocupado é com a repressão pesada aqui perto, a guerra está intensa e pessoas estão sendo agredidas por estarem sentadas num banco da praça fumando um baseado ou trocando uma idéia depois das 23h... AS escolas estão esmagando os alunos e transformando -os em máquina de xerox, oferecendo e exigindo o mínimo para mais tarde no mercado de trabalho, pagarem o mínimo e explorarem o máximo, professores com medo de merendar na frente da secretaria de educação, com medo de dar nota vermelha ou de parecer facilmente azul...
    TA foda, to preocupado com a luta por espaço entre homens e máquinas, o chão não está para pés de carne, haja borracha, dos pés à cabeça, no asfalto e no cacetete...

    Que se explodam, mas não me façam perder tempo, porque aqui o tempo ta curto para cuidar dos próprios problemas, os alheios que se cuidem e a internet nos aproximem, mas não nos aprocheguem...

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