sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Aborto. Drogas. Homossexualidade. Ou: ser contra essas coisas é como ser contra a chuva, o sol e a lua

Por breves momentos chego a achar engraçado ver pessoas se dizerem "contra" homossexualdade, drogas, aborto e coisas assim. Os momentos são breves porque rapidamente me lembro do enorme preço que pagamos por esse tipo de postura. Mas eles existem por um motivo: pensar que quem defende essas posições realmente acha que existe a opção de termos um mundo sem essas coisas. Como se todas elas não existissem em toda a história registrada da humanidade.

Amigos, ser contra o aborto não é uma opção. Ele existe. E existe há milênios. Não importa o que você ache: as pessoas vão fazer assim mesmo. Isso é fora de questão. Só existe uma dúvida: vão fazer com uma agulha de tricô numa clínica clandestina ou vão fazer pelo SUS? A única dúvida é essa. Eu tenho minha religião, que é anti abortista. Jamais seria a favor de que alguma mulher abortasse. Mas advinhe? O mundo não se guia pelo que penso. Mulheres abortam independente do que pensemos. Nossas opiniões não tem qualquer importância frente ao fato de que o aborto é algo que acontece milhares de vezes por dia mundo afora. A discussão não é "sim ou não", mas "como". Todo o resto é perda de tempo.

Drogas: nem vou comentar o fato de que escrevo este post com um cigarro na boca e um copo de cerveja ao lado. Posso usar algo absolutamente viciante e ingerir algo que vai alterar meus sentidos. Tudo sob a proteção da lei. Mas pulemos o tópico "hipocrisia" e falemos do que importa. Há décadas o mundo segue a lógica da repressão às drogas. E o que vemos? Pessoas usando drogas e traficantes cada dia mais poderosos. Olhemos a coisa pelo prisma de quem é totalmente contra as drogas: você está feliz com o resultado dessa política?

Quanto à homossexualidade eu tenho até uma certa preguiça de escrever. A ciência já demonstrou que se trata de uma orientação que nasce com a pessoa. O senso comum nos diz que é algo que não faz mal a ninguém (que diferença faz a você o que outras pessoas fazem na cama mesmo?). É difícil até argumentar contra quem acha o assunto digno de nota. Ou contra quem é contra algo tão natural e que vai acontecer queiram elas ou não. Tipo: quem pode ser idiota a ponto de achar que é possível ser "contra" a homossexualidade? É meio que ser contra o nascer do sol, né?

Na verdade esses assuntos só existem por um motivo. Interessa, e muito, aos Bolsonaros e Felicianos da vida, convencer o maior número de pessoas que puderem, que essas coisas são importantes para elas. Que o voto neles é a única forma de salvar o que resta de "bom" neste mundo dominado por drogados, abortistas e gays. Como sabemos, há gente de sobra por aí disposta a comprar esse tipo de idiotice. Gente que defende os opressores de sempre e legitima as mortes de mulheres que abortam e homossexuais agredidos, se vendo como defensores da liberdade.

Tá aí uma coisa que cansei. Burrice tem limite. Escrotidão também. Comecei este post pensando que ele terminaria com um "por uma agenda do século XXI", mas na verdade ele termina com um: "chega logo ano 1500, por favor". Acompanhado de um pedido: quem acha que os Bolsonaros e Felicianos da vida "falam verdades", "são corajosos" ou "não concordo com tudo, mas admiro a sinceridade", por favor, arranjem outros amigos. Pois eu tô fora.

2 comentários:

  1. Bom dia, Tiago.
    Só uma questão, que queria ressaltar. Devido ao fato, que inclusive você leva em consideração, de que ser homossexual não se configura como doença ou distúrbio e sim uma orientação, o termo usado hoje é 'homossexualidade', já que o sufixo 'ismo' ainda leva em consideração a questão como doença.
    Parabéns pelo texto!
    Abraço

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    1. Já recebi uma chuva de mensagens alertando e consertei. Nem sempre o tiozão consegue acompanhar a dança dos termos, rsrsrs

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